Em parceria com a Defensoria Pública do Estado de Goiás, o Centro Salesiano do Aprendiz (CESAM) de Goiânia promoveu na última sexta-feira (03/05) a Formação Permanente de Educadores. A capacitação acontece periodicamente com todos os colaboradores, recebendo parceiros e especialistas voluntários para debater assuntos sociais relacionados à: cidadania, educação e promoção de direitos.

Nesta edição, a formação trabalhou o tema “Luta antirracista: seus aspectos legais no combate ao racismo”. Ela abordou conhecimentos jurídicos, termos pouco conhecidos e construções históricas, promovendo a reflexão sobre privilégios e preconceitos. De acordo com a assistente social do CESAM Goiânia Rosana Santana, a formação é importante não só para atualizar os educadores, mas fortalecer interna e externamente a luta antirracista. “Estamos atendendo um importante valor salesiano, que é o de promoção da igualdade étnico-racial”.

Realizada pela Comissão de Inculturarte da instituição, a Formação Permanente de Educadores teve o objetivo de orientar sobre a importância da educação antirracista, pautada na Lei 10.639/2003. Ela torna obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira nas escolas dentro da grade curricular dos ensinos fundamental e médio, sendo elas públicas ou particulares. A lei também instituiu o Dia Nacional da Consciência Negra (20 de novembro), em homenagem ao dia da morte do líder quilombola negro Zumbi dos Palmares.

Cerca de 80% dos jovens e adolescentes atendidos pelo CESAM Goiânia se declaram negros ou pardos. De acordo com a pesquisa “Percepções sobre o racismo”, apenas 46% dos brasileiros entre 16 e 24 anos afirmam ter aprendido sobre o tema nas aulas. O estudo é do Instituto de Referência Negra Peregum e Projeto SETA, e revelou também que o ambiente escolar é apontado por 64% dos participantes como o lugar onde mais sofrem racismo.

Para direcionar a capacitação, a formação recebeu o defensor público do estado de Goiás com atribuição na Infância e Juventude, Dr. Salomão Rodrigues Neto. Ele explica a importância de promover discussões sobre a luta antirracista para orientar as pessoas a melhor forma de lidar e combater este tipo de violência. “O racismo bate à porta dos jovens e adolescentes pela primeira vez em ambientes escolares e também no mercado de trabalho. Então, fortalecer uma política institucional de luta antirracista e de acolhimento da vítima é extremamente importante”.

A educadora do CESAM Goiânia Isamara Santana afirma que a capacitação foi uma oportunidade de aprimorar não apenas as habilidades profissionais, mas a compreensão humana. Ela declara que a formação também foi um incentivo para fortalecer o propósito dos educadores de atuar como verdadeiros agentes de mudança. “Fomos desafiados a olhar para além dos espaços de formação e nos conectarmos com as realidades vividas por nossos aprendizes e por nós mesmos. Então, essa capacitação foi crucial para a construção de um ambiente ainda mais inclusivo, onde todos se sintam valorizados e respeitados.”

Dr. Salomão Rodrigues Neto reforça a necessidade das pessoas, empresas e instituições não tratarem episódios de racismo como brincadeira ou algo sem relevância. “É uma dor e uma opressão que a gente não pode mensurar. Elas atingem determinadas pessoas conforme sua realidade e nós precisamos sempre ter essa empatia”.

A Defensoria Pública do Estado de Goiás é uma das mais importantes parcerias do CESAM Goiânia em prol dos direitos de jovens e adolescentes. Com ela, as instituições mantêm um fluxo de acompanhamento das demandas que surgirem em razão não só da prática do racismo, como também em outras esferas de atuação do órgão.  

 

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