Deus eterno e omnipotente, que elevastes à glória do Céu em corpo e alma a Imaculada Virgem Maria, Mãe do vosso Filho, concedei-nos a graça de aspirarmos sempre às coisas do alto, para merecermos participar da sua glória. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.

 Esta é a maior das festas da Santíssima Virgem Maria; é a sua Assunção; a festa da sua entrada na glória, da sua plenitude como criatura, como mulher, como mãe, como discípula de Cristo Jesus. Como um rio, que após longa corrida deságua no mar, hoje, a Virgem Toda Santa e Imaculada deságua na glória de Deus: transfigurada no Espírito Santo, derramado pelo Cristo, ela está na glória do Pai!

Assim como a Bem-aventurada Virgem Maria é modelo de amor e de esperança, assim também é modelo de fé, pois, como diz Santo Irineu, aquele dano que Eva fez com a sua incredulidade, Maria reparou-o com a sua fé. Com efeito, Eva, porque quis dar crédito à serpente contra aquilo que Deus tinha dito, trouxe a morte; mas Maria, dando crédito às palavras do anjo, que ela devia fazer-se Mãe do Senhor, trouxe ao mundo a salvação. Exatamente por causa da sua fé é chamada bem aventurada por Santa Isabel: “Bem-aventurada aquela que acreditou no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito da parte do Senhor”.

A Virgem Santíssima teve mais fé que todos os homens e todos os anjos. Via o seu Filho no presépio de Belém e acreditava que Ele era o Criador do mundo. Via-O fugir de Herodes e não deixava de acreditar que Ele era o Rei dos reis. Via-O nascer, e acreditava-o Eterno. Via-O pobre e necessitado de alimento, e acreditava-O Senhor do universo; via-O deitado sobre a palha, e acreditava-o onipotente. Observava que não falava, e acreditava que Ele era a Sabedoria infinita. Ouvia-o chorar, e acreditava que Ele era a alegria do paraíso. Via-O, finalmente, na morte maltratado e crucificado e, embora os outros vacilassem na fé, Maria estava firme em acreditar que Ele era Deus.

A Solenidade da Assunção da Bem-aventurada Virgem Maria é celebrada no dia 15 de agosto, desde o século V, com o significado de "Nascimento para o Céu" ou, segundo a tradição bizantina, de "Dormição". Em Roma, esta festa era celebrada desde meados do século VII, mas foi preciso esperar até 1° de novembro de 1950, quando Pio XII proclamou o Dogma da Assunção de Maria, elevada ao céu em corpo e alma.

No Credo Apostólico, professamos a nossa fé na "ressurreição da carne" e na "vida eterna", fim e sentido último do caminho da vida terrena. Esta promessa de fé cumpriu-se em Maria, sinal de “consolo e esperança”.

Trata-se de um privilégio de Maria, por ser intimamente ligado ao fato de ser Mãe de Jesus: visto que a morte e a corrupção do corpo humano são consequências do pecado, não era oportuno que a Virgem Maria, isenta de pecado, fosse implicada nesta lei humana. Daí o mistério da sua "Dormição" ou "Assunção ao céu". O fato de Maria ter sido elevada ao céu é motivo de júbilo, alegria e esperança para nós: "Já e ainda não". Uma criatura de Deus, Maria, já está no Céu e, com ela e como ela, também nós, criaturas de Deus, estaremos um dia.

O destino de Maria, unida ao corpo transfigurado e glorioso de Jesus, será o mesmo destino de todos os que estão unidos ao Senhor Jesus, na fé e no amor. É interessante notar que a liturgia, através dos textos bíblicos, extraídos do livro do Apocalipse e de Lucas, nos leva não tanto a refletir sobre o canto do Magnificat, mas a rezar. O Evangelho sugere ler o mistério de Maria à luz da sua oração, o Magnificat: o amor gratuito, que se estende de geração em geração; a predileção pelos simples e pobres encontra em Maria o melhor fruto: poderíamos dizer que é a sua obra-prima, um espelho no qual todo o Povo de Deus pode refletir seus próprios lineamentos.

A Solenidade da Assunção da Bem-Aventurada Virgem Maria, em corpo e alma ao Céu, é um sinal eloquente do que, não só a "alma", mas também a "corporeidade" confirmam que "tudo era muito bom" (Gn 1,31), tanto que, como aconteceu com a Virgem Maria, também a "nossa carne" será elevada ao céu. Isto, porém, não quer dizer que somos isentos do nosso compromisso com a história; pelo contrário, é precisamente o nosso olhar, voltado para a meta, o Céu, a nossa Pátria, que nos dá o impulso para nos comprometermos com a vida presente, nas pegadas do Magnificat: felizes pela misericórdia de Deus, atenciosos com todos nossos irmãos e irmãs, que encontramos ao longo do caminho, começando pelos mais fracos e frágeis.

 A constituição apostólica do papa Pio XII munificentissimus deus sobre a definição do dogma da assunção de nossa senhora em corpo e alma ao céu, afirma que:

De fato, Deus, que desde toda a eternidade olhou para a virgem Maria com particular e pleníssima complacência, quando chegou a plenitude dos tempos (Gl 4,4) atuou o plano da sua providência de forma que refulgissem com perfeitíssima harmonia os privilégios e prerrogativas que lhe concedera com sua liberalidade. A Igreja sempre reconheceu esta grande liberalidade e a perfeita harmonia de graças, e durante o decurso dos séculos sempre procurou estudá-la melhor. Nestes nossos tempos refulgiu com luz mais clara o privilégio da assunção corpórea da Mãe de Deus.

Em Maria, realiza-se plenamente o mistério pascal do seu Filho, pois “cheia de graça”, quis o Pai associá-la à ressurreição de Jesus. Hoje, Maria é espelho da Igreja que, como Ela, caminha para o Reino definitivo e para sua glorificação. No céu, Maria agora é intercessora que acompanha com solicitude materna seus filhos e filhas. Ao recordarmos também a Vida consagrada, olhemos para Maria como modelo de consagração sem reservas ao projeto de Deus em sua vida.

Diz a Lumen Gentium:

“A Imaculada Virgem, preservada imune de toda mancha da culpa original, terminado o curso da vida terrena, foi elevada ao céu em corpo e alma e pelo Senhor exaltada qual rainha do universo, para assim se conformar mais plenamente com seu Filho, Senhor dos senhores e vencedor do pecado e da morte” (LG 59).

 Olhando para Maria, somos convidados a imitar a sua fé. Mas como havemos de imitá-la? A fé é ao mesmo tempo dom e virtude. É dom de Deus, enquanto é uma luz, que Deus infunde em nós. É virtude, quanto ao exercício que dela fazemos. Por isso dizemos que a fé cristã se articula num duplo movimento: iniciativa de Deus e resposta do homem.

Com a Virgem Maria, hoje vencedora da morte, com a Igreja, que espera, um dia, triunfar totalmente como Maria Virgem, cantemos as palavras da Filha de Sião, da Mãe da Igreja, pensando na nossa vitória: "A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque pôs o olhos na humildade da sua serva. O Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor!", ...em teu favor!...,

O mesmo amor filial de Jesus para com Maria que a elevou em corpo e alma ao céus, deve ser o mesmo amor filial de cada cristão que eleva à sua mãe as preces cotidianas, que a trata com carinho, que a venera com admiração de filho e confia na sua especial proteção e intercessão.

Não somos órfãos de mãe, temos uma que junto a Deus olha por nós, roga ao Pai pelos pecadores e nos livre de todos os males. Temos que cultivar cada vez mais em nossa espiritualidade esse carinho de filhos para com a nossa mãe por meio da prática constante do Santo Terço.

Com amor filial, com o mesmo carinho e amor de Cristo, vamos elevar nossos olhos ao céu e louvar àquela que foi assunta, agradecer sua maternidade e pedir que rogue sempre por nós pecadores, para que um dia, também nós, sejamos dignos de alcançar as promessas de Cristo.

Sendo toda de Deus e servindo às pessoas, Maria viveu sua história e sua missão com os passos direcionados para o Céu, de onde recebia força para ser fiel. Porque teve sua existência mergulhada em Deus, após a conclusão de sua caminhada na terra, foi introduzida na felicidade eterna, para saborear os frutos semeados e cultivados na humildade e na obediência. Maria elevada ao Céu é sinal daquilo que Deus quer fazer para todos os seus amados. Aprendamos, pois, com ela, o caminho da glória para que cheguemos um dia onde ela já se encontra.

 

 Essa artigo foi elaborado pelo P. Edilson Agreson da Silva, SDB.

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