“Caro dom Zatti, recebemos o álcool desnaturado que o senhor teve a bondade de enviar à nossa pobre casa. Pagaremos com tantas Ave Maria. Cordialíssimas saudações aos bons amigos do Cottolengo da Patagonia...”. Esta carta de 1944, confidencial e burlona, deixa entrever de Artêmide e da sua obra algumas sacrossantas verdades.

Ele abraçou a dor e esposou a miséria. Parece que não se pode pensar dom Zatti a não ser interessado a curar os doentes, e parece que os doentes se tornaram tais justamente para que ele os cure. E enquanto cura cantarola, para aliviar o espírito deles. Ou tagarela com mil recursos serenos, para distraí-los e aliviá-los em sua dor. “Como uma mãe com suas crianças”, afirmou um seu paciente.

Uma jovem recuperada no hospital de uma doença grave, recorda o sorriso explosivo com que a recebeu: “No início acreditava que ele estava rindo de mim, mas depois percebi que era somente a grande alegria que provava ao fazer o bem”. E curada, se tornou enfermeira.

Um dos médicos que viveu muito tempo ao seu lado: “Dom Zatti não somente era habilíssimo enfermeiro ao medicar, mas era ele mesmo uma medicina, porque curava com a sua presença, com a sua voz, com as suas conversas brincalhonas, com o seu canto”.

 

“Escuta o gemido dos pinheiros?”

Toma cuidado especial com aqueles que têm doenças vergonhosas. Toma-os a parte, não quer que os outros saibam. Os cancerosos, aqueles com chagas purulentas, quer todos para si. Não permite que os outros lhes deem banho e cuidem deles. “Dom Zatti, não tem medo dos meus micróbios?” “Não, porque os micróbios que eu tenho dentro de mim são mais fortes, e devoram aqueles de fora”.

Procura contentar em tudo os seus doentes. “Hoje o que você quer para comer?”, e traz do mercado aquilo que lhe pedem, sabendo que para qualquer infeliz pode ser a última pequena satisfação da vida. Acontecia o mesmo com relação aos medicamentos: às vezes acontecem curas muito custosas, e além de dar alívio aos seus doentes está pronto para hipotecar o hospital.

Existem aqueles que têm parentes longe e não sabem escrever; e ele passa horas com paciência escrevendo cartas com as saudações ao primo e à tia.

Se visita a casa de doentes paupérrimos, ao sair deixa sobre a mesinha algum trocado.

Às vezes chega um doente e o hospital está abarrotado. O que fazer? Ele o leva ao seu quarto e o coloca no seu leito. À noite estende um cobertor no chão e deita. Ou se põe numa cadeira, apoia os braços sobre a mesa e dorme assim... O seu leito se torna o leito de todos. Também um médico do hospital, o doutor Pietrafaccia, acometido de um mal foi colocado ali, e pouco depois fecha os olhos para sempre.

Uma tarde no hospital morreu um doente. Precisa tomá-lo, e Zatti o carrega no ombro para transferi-lo para uma pequena sala mortuária. Mas se lembra que ali já havia um morto, e os seus parentes o estão velando. O que fazer? Leva-o para o seu quarto e o estende no seu leito. Na manhã seguinte lhe perguntam: “Dom Zatti, não teve medo?” “E por quê? Dormíamos os dois... É dos vivos que precisa ter medo, não dos mortos. Eles não roncam”. Mas uma noite colocou no seu leito um doente que ronca, e forte, durante toda a noite. Na manhã Zatti está sonolento, e os outros o reprovarão pela noite que passou em claro. “Mas eu estava contente que roncasse, - se justifica -. A cada ronco, eu pensava: Deo gratias, está ainda vivo”.

Desposou o sofrimento. Um doente sofre muito, e ele se aproxima: “Reza para Deus alivie a tua dor. Olha: também os pardaizinhos rezam. Ouves o gorjeio daqueles que cantam nos galhos do eucalipto? Rezam, a seu modo...”

Uma vez um médico do hospital dá sinais de impaciência, porque algum doente se lamenta em voz alta. E Zatti: “Doutor, o senhor escuta o gemido dos pinheiros?” “Não sei o que é isto” balbuciou o doutor surpreso: “Muito bem escuta aquilo que dizem os doentes. Pobrezinhos! É como o gemido dos pinheiros...”

Na realidade Zatti aos 50 anos de prática hospitalar não consegue se acostumar com a dor, não sabe dar- se a paz. “Diante dos doentes, também daqueles graves – declarou o doutor Sussini -, brincava e até ria, mas para dar coragem; depois, quando estava sozinho, escondido chorava”. “Quando não podia ajudar o seu próximo, o viam verter suas lágrimas”, confessou uma das enfermeiras do hospital.

Foi-se sorrindo”

Zatti é intelectualmente bem dotado. Se tivesse podido somente estudar... Mas não perde tempo em se lamentar. De noite rouba alguma hora ao sono para ler sobre medicina. Quando em 1917 se apresenta em La Plata para os exames de enfermeiro, obtém facilmente o título. Une a teoria e uma ciência empírica sempre mais vasta. Apresentam-lhe um rapaz de 17 anos, que até então tinha sido curado como tuberculoso. “Enviem-no a mim no hospital – diz depois de ter-lhes dirigido um olhar indagador -. Este rapaz tem mais rosto de faminto do que de tísico”.

Tendo-o no hospital, prescreve a receita: “Sopa abundante, dois copo de vinho”. Alguns meses mais tarde o rapaz come perfeitamente curado.

Tendo-o no hospital, prescreve a receita: “Sopa abundante, dois bifes, batatas, verdura e fruta, e um bom copo de vinho”. Alguns meses mais tarde o rapaz começa a trabalhar numa fazenda agrícola, perfeitamente curado.

Junto com a ciência empírica Zatti une um invejável conheci ajuda – costuma-se dizer -, mas se o organismo não responde, é à obra das FMA há um grupo de velhinhas à espera da hora de água açucarada. Elas a tomam com enorme fé, e na manhã se bem, dom Zatti, o seu medicamento!”.

Junto com a ciência empírica Zatti une um invejável conhecimento do coração humano. “A medicina ajuda – costuma-se dizer -, mas se o organismo não responde, é inútil exigir milagres da farmácia”. Junto à obra das FMA há um grupo de velhinhas à espera da hora de Deus, e Zatti as curas muitas vezes com água açucarada. Elas a tomam com enorme fé, e na manhã seguinte agradecem felizes: “Como me fez bem, dom Zatti, o seu medicamento!”.

“Era um homem sumamente espiritual - diz uma testemunha -: falava de Deus aos doentes, sabia levá-los a aceitar a vontade de Deus”. Um autista de Viedma, Nazzario Contin, adoecera de febre tifo. Zatti vai encontrá-lo e o cura em casa dois meses depois: “E quanto me queres dar? Nade”. “Não, deverei dar-lhe alguma coisa...”. “Bem, vai e faz uma bela confissão e comunhão, e assim saldaremos a conta”.

Em junho de 1916 levam ao hospital, de longe, um rapaz do campo. Está pálido, custa-lhe estar de pé, tem um mal que não perdoa e que pode decepá-lo de um momento a outro. Zatti o acolhe como a um filho, Prepara-o para a primeira comunhão, compra para ele uma carapuça branca, acompanha-o à Catedral para o seu primeiro encontro com o Senhor. Naquela mesma tarde o menino se sente mal. Tão mal que correm para chamar dom Zatti.

“Vou morrer, dom Zatti...” murmura o rapazinho com um fio de voz. E ele, que já tem acompanhado tantos no momento extremo, dominando a aflição que sente, lhe diz com toda doçura: “Bem, se de fato queres morrer, primeiro faz um belo sinal da cruz. Depois ajunte as mãos, e depois contente e feliz vai para o céu, assim... sorrindo...”. O rapaz executa os gestos que Zatti sugere, sorri, e naquele momento se lhe espedaça o fio da vida.

De manhã chega o doutor Quaranta. “Lembra-se, doutor, daquele doentinho? Faleceu. Porém veja que coisa rara: foi-se embora sorrindo”. O doutor Quaranta se apressa para ver: de fato o menino morto está ainda sorrindo, o sorriso que Zatti imprimiu nos seus lábios.

 

A muda

Há no hospital uma pessoa que viverá tanto quanto Zatti: é uma muda. Um missionário a trouxera, o padre Bonacina, em 1894, muito antes que Zatti chegasse a Viedma. Encontrou-a abandonada no campo, não obstante as aparências contrárias era um ser humano... Tinha nascido por erro numa família destruída, e ninguém a queria. Um dia tinha caído no poço: por causa do medo ficara muda. Foi abandonada. Andava atrás de ovelhas e igual a elas caminhava com quatro patas.

No hospital a primeira coisa necessária é ensinar-lhe a caminhar direito. Por muito tempo devem embrulhá-la com algo especial porque não há jeito de vesti-la com roupa normal: Um dia Zatti traz para casa um bordado com orlas vermelhas; na manhã seguinte o bordado está rasgado e as orlas desparecidas. Um dia no velório uma defunta é encontrada sem sapatos; mas num canto está a muda que os está usando. É um desespero, é necessário tomar providência. Dizem a Zatti: “Mas bate nela, grita” . “E por quê? – responde ele -. Coitadinha, já é bastante infeliz por sua conta; e nós que temos o uso da razão não devemos aumentar os seus sofrimentos”. A muda morará no hospital 48 anos, exprimindo-se com grunhidos, sem conseguir formular por inteiro uma só palavra.

Uma roupa para o Senhor

“Nada é maior e mais belo do que um pobre, quando nele se vê o Senhor”. Estas palavras de são Vicente de Paula talvez resumem o segredo de Zatti: ele vê nos pobres doentes Jesus Cristo em pessoa.

Vai à irmã da rouparia e diz: “Veja um pouco irmã, se há uma roupa para nosso Senhor”. E depois: “Não tem uma roupa mais bonita?” A nosso Senhor devemos dar aquilo que temos de melhor”. Nosso Senhor é um pobretão doente que chegou doente e coberto de feridas, que agora deixa o hospital curado.

Grita a uma enfermeira:“Irmãzinha, prepara um leito para nosso Senhor”. Chegou de onde ninguém sabe um índio maltrapilho e aleijado. De outra vez se trata   de   um   rapazinho: “Irmãzinha, há uma roupa para um Jesus de dez anos?”. Um dos médicos surpreende Zatti quando aceita no hospital um doente que um outro hospital tinha rejeitado porque incurável: dizem-lhe: “Ao senhor cabe sempre o pior...”. “Para mim é o melhor”, replica Zatti.

Por anos e anos, teve no hospital, além da muda, um pobre rapaz macrocéfalo. Os dois agradavam a Zatti. Um dia levam a Zatti a bela notícia: se quiser, pode fazê-lo recuperar num instituto da capital, que aceitaria acolhê-lo. Não, responde Zatti. “Por que não?” “Porque são estes que nos atraem a bênção de Deus”.

Entre os seus médicos, por algum tempo há um incrédulo. Mas diz: “Diante de Zatti, a minha incredulidade vacila. Se nunca há santos sobre a terra, este é um. Quando me encontro com o bisturi nas mãos, e olhando-o vejo-o com o rosário na mão, sinto que a sala se enche de alguma coisa sobrenatural...”

A Providência e a conta dupla

Sobre as suas costas há um hospital e uma farmácia frequentados por pobres, e por isto sempre há um temor. Como equilibrar as balanças? Antes de tudo, Zatti não gasta nada para si.

Nas suas mãos passam, em quase quarenta anos de administração, centenas de milhares de pesos, mas nem um centavo ficou agarrado em seus dedos. Veste como pobre, com roupas sempre de segunda mão, talvez herdadas dos seus mortos. O chapelão de abas largas que traz sobre a cabeça por dezenas a partir de 1907, é herança de um doente. Serve-lhe de guarda-sol no verão e de guarda-chuva no inverno. Com tempo bom levanta as abas. Com a chuva abaixa. Chega com a bicicleta a uma casa para visitar um doente, e antes de entrar põe o chapéu para secar. “Como, dom Zatti, veio sem guarda-chuva?” “E onde encontra um guarda-chuva melhor do que o meu chapéu?”

A bicicleta é o seu normal meio de transporte. Quando está estragada e não está mais com ela, há sempre algum amigo que lhe dê outra de presente. Para os médicos e para o transporte dos doentes, um dia o convencem a prover o hospital de um automóvel: uma sólida Dodge. Mas a vê com hostilidade, com rancor. Não quer saber usá-la. E um belo dia a destina como primeiro prêmio numa loteria para o hospital. Então sim, se sente um pobre Cristo e tranquilo de consciência.

Um dia os seus amigos, não aguentando mais vê-lo se cansar a pedalar, querem presenteá-lo com uma pequena caminhonete, de pobre, uma Topolino. Responde que não e não será. Voltam de novo com uma proposta mais modesta, um motorzinho Cucciolo para adaptar à bicicleta, e ainda não aceita. Mas esconde o seu amor pela pobreza numa piada: “O dia em que tiver necessidade de um motor, quer dizer que não serei mais capaz nem mesmo de aplicar uma injeção nem curar os doentes”. Não é apegado ao dinheiro, não discute nunca por interesse. Com os outros é de máxima generosidade. Faz despesas proibitivas pelos seus doentes. “O dinheiro ou serve para fazer o bem, ou serve para nada”. Manda fazer compras generosas, e quando o encarregado lhe observa que está esbanjando o dinheiro, replica: “Compra sem te preocupar, porque a Providência é rica”.

 

O cliente número 226

 Para sustentar as muitas despesas deve recorrer a incríveis equilibrismos financeiros. Os seus débitos se tornam proverbiais em toda a região. Mas Zatti aplica o evangelho ao pé da letra:

“Pedi e vos será dado, procurai e achareis, batei e vos será aberto”. Ele acredita cegamente nesta maravilhosa promessa do Senhor, e seus débitos aumentam a sua confiança na Providência.

Não se espera certamente que o Senhor lhe envie do céu um anjo com um cheque debaixo da asa. Sabe que a Providência exige sempre uma boa margem de ações da parte do homem: por isto ajunta as mãos na oração, mas movimenta também velozes os pés em todas as direções para procurar ajudas. É acostumado dizer: “Eu não peço ao Senhor que me mande o dinheiro, peço-lhe que me faça sempre saber onde há...”. E quando deve fazer pagamentos, veste a roupa, monta na bicicleta e vai procurar amigos. Se se veste com a melhor roupa, é sinal de que o débito é muito grosso.

O Banco Nacional abriu em Viedma uma sucursal, e Zatti se apresenta ao guichê para pedir um empréstimo. O gerente, que não o conhece, lhe pede primeiro uma declaração de seus bens, porque sem a garantia de uma cobertura não se fazem empréstimos. Zatti se torna sério, se concentra um instante e depois desabafa: “Os meus bens? São aquelas quarenta criaturas humanas, os pobres, os doentes do meu hospital. Estes são os meus bens. Uma criatura humana não vale talvez mais do que mil ovelhas?” O gerente fica tão atordoado que lhe concede o crédito, e Zatti se torna o cliente número 226 do Banco Nacional argentino. De volta à casa, exclama triunfante: “Vede se não são importantes os doentes? São considerados até nos bancos!” Provavelmente o Banco Nacional nunca mais ganhou um só soldo de seu cliente 226, mas com certeza teve mil oportunidades para alcançar merecimentos diante da sociedade.

 

Emprestar ao Senhor

O costume administrativo de Zatti é bastante curioso. Chega uma cobrança e ele corre para um amigo. Deve saldar um débito no banco, e ele bate à porta de um ricaço. Paga mercadorias e medicamentos com uma letra de câmbio, depois saldará com um empréstimo. Quebra a cabeça para aumentar orçamento, às vezes está à beira de uma falência, mas afinal de algum modo encontra os recursos e tapa o buraco.

Tem uma filosofia das finanças toda sua, e muito original. Pode ser resumida assim:” as crises são o resultado da estagnação do dinheiro. Ao invés Deus criou a riqueza para que circule entre todos. Às vezes Deus permite que se imobilize, e então surgem aquelas categorias de pessoas que se chamam ricos e pobres: uns têm muito dinheiro, os outros muito pouco. Quando os pobres se contentam com aquele pouco que têm e os ricos utilizam bem aquilo que têm a mais, então tudo concorre para o melhor; mas se os pobres estão na miséria e os ricos esbanjam, então vai mal. O dinheiro deve circular de mão em mão de modo que todos possam gozar dos seus benefícios”. E ele fez o impossível para colocar em movimento o dinheiro e fazê-lo servir em benefício de todos.

Zatti chega a esta sua árdua empresa, também porque conhece a arte de pedir por amor de Deus. “Dom Pedro, por que não empresta 5.000 pesos ao Senhor?” “Ao Senhor?”, Dom Pedro pergunta admirado. “Sim, Dom Pedro. É sempre um bom negócio emprestar ao Senhor”.

Zatti convence, porque quando se apresenta pedindo há alguma coisa de sobrenatural que o envolve. Um dia um rico possuidor lhe responde mal e o manda embora de mãos vazias. Zatti se afasta com uma amargura no rosto tão imensa, que pouco depois o possuidor chama um de seus dependentes: “Corre atrás de Zatti, dize-lhe que volte atrás logo”. E lhe dá tudo aquilo que lhe ocorre. Algumas vezes o fazem notar que certo dinheiro chegado às suas mãos da parte de certos ricos não é certamente “limpo”, que ele não deveria aceitar. “Não vos preocupe! – replica Zatti: -eu penso em purificá-lo no calor da beneficência. A caridade, sabíeis, é um fogo que purifica tudo”.

 

A gorjeta da Providência

“Dom Zatti, um dia deveremos fazer-lhe um monumento!” lhe dizem (e será mesmo assim). Mas ele replica: “É melhor que me façam logo, em natura: com acolchoado, com garça, e com garrafas de álcool desinfetante”.

Às vezes as ajudas chegam nos modos mais impensados. Conta uma testemunha que um dia, enquanto acompanhava dom Zatti pelas ruas de Viedma, aproxima-se deles um pobretão: diz que deve ir urgentemente a Buenos Aires, mas não tem um centavo para pagar a passagem. Que fazer? Zatti começa a buscar nos bolsos um por um, tirando para fora uma nota daqui um trocado dali, afinal a soma não é completa. Aquele pobretão vai embora feliz e comovido. E eis que pouco depois se aproxima um outro: agradece a dom Zatti quem sabe por algum favor recebido no passado, depois retira do bolso um punhado de notas e lhe entrega. Zatti conta: correspondem ao que foi pago, mais 5 pesos. Diz: “A gorjeta da Providência!”.

Quando os ricos não o ajudam, Zatti recorre aos pobres. É impressionante o número de pessoas de humilde condição que ajudam o hospital com pequenos dons. E quantos operários, camponeses, pequenos empregados, oferecem a sua ajuda para estes negócios. Mas um dia, ninguém quer ajudá-lo...

O Banco o mandou chamar, era uma situação grave. Zatti não tem um centavo, ninguém quis encher a pasta para ele. Está no guichê chorando e rezando. Alguém o viu, e corre ao bispo de Viedma. “Senhor bispo, Zatti está em dificuldade: está no Banco e chora porque não tem com que pagar. Acabará lá dentro, desta vez...”. “Sempre o mesmo, este Zatti!”, resmunga o dom Esandi abanando a cabeça. E chama o seu vigário padre Borgatti: “Temos um pouco de dinheiro em caixa?” “O dinheiro para a revista eclesiástica...”. “Bem, leva-lhe depressa com o carro”. Dez minutos depois, Zatti chora de novo, mas de alegria.

Porém há entre os seus superiores quem se inquieta por causa dos seus métodos de gestão financeira. Em 1932 lhe falam muito seriamente para ter uma conta dupla lhe colocam ao lado um contador. É um alemão meticuloso, que fica um ano. Em 1941 os superiores tentam de novo a experiência, mas o contador desta vez fica menos tempo. É impossível entrar nos métodos de registro da sua conta dupla.

Zatti chama de brincadeira conta dupla os seus dois bolsos: o da direita, no qual coloca o dinheiro que recebe, e o da esquerda, no qual põe as contas a pagar. Mas como manter as contas de uma administração na qual a Providência vem continuamente baralhar as cartas?

Fonte: Era o parente de todos os Pobres. Santo Artêmide Zatti, Salesiano Coadjuntor. Autor: Enzo Bianco.

Tradução e revisão ortográfica: Pe. Geraldo Martins Lisboa, SDB. Diagramação: Cristóvão Novais Guingo.

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