Estamos vivendo o 3º ano vocacional do Brasil, que tem como tema: “Vocação Graça e missão” e o lema inspirado no evangelho de Lucas: 24, 32-33. “Corações ardentes e pés a caminho”. O ano vocacional propõe vários objetivos para que possamos descobrir e revisitar a graça do chamado, que nos impulsiona na missão e quer propor a cada um de nós a “promoção da cultura vocacional nas comunidades eclesiais, nas famílias e na sociedade, para que sejam ambientes favoráveis ao despertar de todas as vocações como graça e missão, a serviço do reino de Deus.” (Cf. texto Base do 3º ano vocacional, nº9).

Toda vocação é dom e graça. Dom de Deus, que chama mulheres, homens, jovens para seguirem Jesus. Graça por ser um chamado gratuito para permanecer com Jesus e, com Ele, sair para anunciar o Reino e compartilhar dons e talentos, recebidos gratuitamente do Pai, pelo Espírito (Texto base 119).

Todos são presenteados por Deus com sua vocação. A Igreja e cada um de nós participa da graça da vocação respondendo ao dom recebido de forma gratuita e generosa (cf. Texto-base 32).

Enquanto a Graça faz o coração arder, a Missão faz os pés estarem a caminho, em movimento. Entre o coração que arde ao escutar a Palavra do Ressuscitado e os pés que se colocam a caminho para anunciar o encontro com o Cristo, temos a parada, o sentar-se à mesa, o pão repartido, a partilha, a comunhão, um gesto fundamental que faz os olhos se abrirem (Texto-base 1).

A graça da vocação nos envia ao mundo em missão. Vocação e missão são inseparáveis: sem consciência vocacional, a Igreja não terá o vigor missionário que ela precisa ter.

Em 2023, o Papa Francisco escreve a 60º Mensagem Dia Mundial de Oração pelas Vocações (30 de abril de 2023 - IV Domingo de Páscoa). Ele nos recorda que:

 

Neste ano, proponho-vos refletir e rezar guiados pelo tema Vocação: graça e missão. É uma preciosa ocasião para redescobrir, maravilhados, que a chamada do Senhor é graça, dom gratuito e, ao mesmo tempo, é empenho de partir, sair para levar o Evangelho. Somos chamados a uma fé testemunhada, que estreita fortemente o vínculo entre a vida da graça, através dos Sacramentos e da comunhão eclesial, e o apostolado no mundo. Animado pelo Espírito, o cristão deixa-se interpelar pelas periferias existenciais e é sensível aos dramas humanos, tendo sempre bem presente que a missão é obra de Deus e não a realizamos sozinhos, mas em comunhão eclesial, juntamente com os irmãos e irmãs, guiados pelos Pastores. Pois este sempre foi o sonho de Deus: vivermos com Ele em comunhão de amor[1].

 

Continua o Papa Francisco:

 Amados irmãos e irmãs, a vocação é dom e tarefa, fonte de vida nova e de verdadeira alegria. Que as iniciativas de oração e animação pastoral ligadas a este Dia reforcem a sensibilidade vocacional nas nossas famílias, nas paróquias, nas comunidades de vida consagrada, nas associações e nos movimentos eclesiais. Que o Espírito do Ressuscitado nos faça sair da apatia e nos dê simpatia e empatia, para vivermos cada dia regenerados como filhos de Deus-Amor (cf. 1 Jo 4, 16) e sermos, por nossa vez, geradores no amor: capazes de levar a vida a todos os lugares, especialmente onde há exclusão e exploração, indigência e morte. Que deste modo se alarguem os espaços de amor [4] e Deus reine cada vez mais neste mundo. Acompanhe-nos neste caminho a oração composta por São Paulo VI para o 1º Dia Mundial das Vocações (11 de abril de 1964): Ó Jesus, divino Pastor das almas, que chamastes os Apóstolos para fazer deles pescadores de homens, continuai a atrair para Vós almas ardentes e generosas de jovens, a fim de fazer deles vossos seguidores e vossos ministros; tornai-os participantes da vossa sede de redenção universal, (…) abri-lhes os horizontes do mundo inteiro, (…) para que, respondendo à vossa chamada, prolonguem aqui na terra a vossa missão, edifiquem o vosso Corpo místico, que é a Igreja, e sejam “sal da terra”, “luz do mundo” (Mt 5, 13)[2].

 

O ser humano foi criado para amar, para ser um dom para Deus e para os outros. A sua vida é um dom. O amor incondicional de Jesus por todos, deve ser o alicerce de nossa resposta ao chamado de Deus. Ao longo de nossa caminhada, Deus vai nos chamando a ser, no mundo, um sinal de sua presença. E uma das maneiras de revelarmos o rosto d’Ele aos nossos irmãos acontece por meio da vivência de nossa vocação em sua plenitude.

 O carisma de uma vocação é sempre o amor em primeiro lugar. Os meios que esse amor será colocado em prática são os caminhos para realizarmos esse carisma. O mundo necessita de pessoas que vivam sempre mais conscientes de sua vocação e amem em todo tempo e lugar. Só vai compreender a autenticidade da sua vocação aquele que cultivar no coração um amor incondicional por Jesus Cristo, presente em cada irmão e irmã. “Não fostes vós que me escolhestes; fui eu que vos escolhi…” (Jo 15,16).  

 Você sabia que a cada domingo a Celebração Litúrgica é dedicada a uma vocação específica? Celebramos as vocações: sacerdotal, matrimonial, religiosa e leiga. Vejamos:

O primeiro domingo de agosto é dedicado aos Ministérios Ordenados

No dia 4 de agosto celebramos a festa de São João Maria Vianney, considerado o patrono dos padres. Por isso, rezamos, no primeiro domingo de agosto, pelas vocações sacerdotais e pelos ministérios ordenados. A missão dos ministros ordenados diáconos, padres e bispos, é servir a comunidade, a exemplo de Jesus Bom Pastor. Eles são sinais do Cristo servidor.

Os ministros ordenados exercem um importante papel na Igreja, pois através do sacramento da Ordem dão continuidade à missão confiada por Cristo a seus Apóstolos, cada qual a seu modo compõe a unicidade do sacerdócio de Cristo. Por essa razão, o que deve nortear a vida do ministro ordenado é o amor profundo por Jesus, Palavra encarnada, Palavra que se faz pão na Eucaristia para a vida do mundo.

O segundo domingo de agosto é dedicado à vocação matrimonial ou familiar e também se celebra o dia dos pais.

A Igreja reconhece também a importância de rezar pela vocação familiar e pelos pais. A família é uma instituição querida e abençoada por Deus. A família é um dom de Deus. É na família que se dá a transmissão contínua da fé. Na família fomenta-se a vivência dos valores cristãos e ela é a base para todo o ser humano. Neste sentido a vocação paterna é essencial e bela. A figura paterna é, na formação dos filhos, insubstituível.

Como igreja, precisamos rezar continuamente pelas nossas famílias. E é por isso que o segundo domingo de agosto também marca o início da Semana da Família. A missão dos pais é fazer do seu lar um ambiente que vive o caminho do amor e da fé autêntica e fervorosa em Cristo.

O terceiro domingo de agosto é dedicado à vocação à vida religiosa consagrada.

Inspirada pelo dia da Assunção de Nossa Senhora aos céus, em 15 de agosto, a igreja no Brasil dedica o terceiro domingo de agosto à oração e reflexão sobre a Vida Religiosa Consagrada. Neste terceiro domingo de agosto, somos convidados a rezar pelos religiosos e religiosas, por todos aqueles nossos irmãos e irmãs na fé que tem por vocação específica ser sinais do reino futuro através da vivência dos votos de obediência, castidade e pobreza.

Os religiosos ou consagrados são homens e mulheres que buscam, em diferentes carismas e atuações, viver de forma radical o seguimento de Jesus e ser testemunhas vivas da alegria do Evangelho. Os chamados à vida consagrada obedecem às regras e constituições dos seus respectivos institutos, comunidades de vida apostólica ou contemplativa e, também, das novas comunidades.

O quarto domingo de agosto é dedicado à vocação laical.  “Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15). Esta missão do anúncio é assumida com amor e generosidade por muitos leigos e leigas em nossas comunidades.

No quarto domingo de agosto nossas preces são por todos os leigos e leigas que participam ativamente na Igreja, comunidade de fé. Os leigos assumem os vários ministérios que dão vida e identidade de fé às comunidades cristãs, através do amor serviçal e do testemunho de vida nas diversas realidades onde estão inseridos.

Os cristãos leigos e leigas são vocacionados incansáveis que contribuem para a caminhada e o crescimento da comunidade. Eles são chamados a inserir no mundo a mensagem do Evangelho, trabalhando para a construção da “civilização do amor”.

O quinto domingo de agosto é dedicado à vocação do catequista.

Quando o mês de agosto tem cinco domingos, a Igreja celebra, no quinto, o ministério dos catequistas. Os catequistas são homens e mulheres que com dedicação e empenho aprendem e transmitem os caminhos de Cristo. Eles fazem, com sua vida e testemunho, ecoar a mensagem redentora do Evangelho.

Através do Motu próprio “Antiquum ministerium“, publicado no dia 11 de maio de 2021, o Papa Francisco instituiu o ministério de catequista. O Papa Francisco afirmou que, diante da imposição de uma cultura globalizada e dos desafios da evangelização no mundo contemporâneo, “é necessário reconhecer a presença de leigos e leigas que, em virtude de seu Batismo, se sentem chamados a colaborar no serviço da catequese”.

A missão dos catequistas é levar os catequizandos à comunhão com Jesus Cristo: só Ele pode conduzir ao amor do Pai no Espírito e fazer-nos participar da vida da Santíssima Trindade. Eles oferecem seu tempo para anunciar aos jovens, crianças e adultos, a beleza de um Deus que é amor, misericórdia e compaixão.

Como vimos, o mês de agosto é muito especial. Durante este mês destaca-se a importância de todas as vocações na Igreja. Por isso, é importante ressaltar que não há, na Igreja, uma vocação que seja mais importante que as outras. Na diversidade dos carismas e ministérios, somos todos chamados à formação e ao desenvolvimento da vida em comunidade. Devemos compreender que, independente da vocação a que fomos chamados, todo cristão é vocacionado à santidade. Como bem destacou o Papa Francisco: “Ser santo é uma vocação para todos”. O nosso batismo já nos coloca nesta dinâmica da busca pela santidade de vida.

Que a celebração do mês vocacional nos traga as bênçãos do Pai para vivermos a nossa vocação sacerdotal, diaconal, religiosa ou leiga. Todas elas são importantes e indispensáveis. Todas elas levam à perfeição da caridade, que é a essência da vocação universal à santidade. Rezemos pelas vocações!

[1] MENSAGEM DO PAPA francisco PARA O 60º DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES (30 de abril de 2023 - IV Domingo de Páscoa)

[2] MENSAGEM DO PAPA francisco PARA O 60º DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES (30 de abril de 2023 - IV Domingo de Páscoa)

 

Essa artigo foi elaborado pelo P. Edilson Agreson da Silva, SDB.

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