Maria é corajosa porque é mãe, mãe que não pode deixar de cuidar de seus filhos e filhas.

Nada a detém; nenhum obstáculo ou adversidade a intimidam; nenhum gesto é inútil para assegurar sua presença,( ainda que silenciosa e cheia de expectativa,/ como junto de todas as cruzes, quando – forte – persiste de pé.

Comentário do Reitor Mor

Maria, a Mãe de Jesus, tornou-se o símbolo /das “mães-coragem” de todos os tempos,/ graças à sua incrível força de espírito. Entretanto, teve também de enfrentar tantos medos em sua vida, como o medo de não ser compreendida, o medo da maldade dos homens, o medo de falhar; o medo pela saúde de José, pelo destino de Jesus; o medo de ficar só, e muitos outros temores. Caso ainda não houvesse, precisaria erguer um santuário à «Senhora dos Medos», onde todos pudessem achar refúgio e força, para enfrentar seus medos. Apesar dos seus temores, Maria nunca se entregou: sempre reagiu com determinação, superando dificuldades sem precedentes: desde o desconforto no parto em clínica ‘pastoril’, até à amargura infinita do dia em que, corajosa, se plantou por debaixo da Cruz do Filho. A vida de Maria foi uma prova difícil, marcada pelo silêncio de Deus. Mas Ela sempre achou forças para continuar, redescobrindo a confiança em Deus e em sua presença constante, em todo o passar dos dias. Sua experiência é um exemplo de coragem e confiança para todos nós: podemos achar refúgio na “Senhora da Coragem” e superar os nossos medos com determinação e confiança.

História

Eu nasci duas vezes

Todos nasceram uma vez: eu duas.

A minha é uma história dos terríveis tempos da II Guerra Mundial. A

minha era uma tranquila família de origem judaica, mas, como já tantas

vezes na história, os judeus começaram a ser perseguidos e deportados para campos de concentração nazistas.

Ser deportado para os campos era uma sentença de morte. Tinha apernas 19 anos, quando soldados invadiram nossa casa. Não houve tempo

para pegar nada: aqueles homens nos empurraram para fora e, depois

de uma penosa marcha, vimo-nos, debaixo de chuva, em fila, perante

um vagão de carga, recheio de pessoas, ao frio como nós, e incrédulas

por tanta violência. Estávamos sendo levados a um campo de concentração junto com muitos outros judeus. O medo se palpava no ar e todos sabíamos que a morte era a única coisa que nos esperava.

Minha mãe correra atrás do caminhão que nos levava embora.

Estranhamente, ela não tinha sido levada. Abraçamo-nos com os olhos do amor e do desespero.

De repente, minha mãe deu um passo à frente e trocou seu lugar pelo meu: sua determinação e coragem me pegaram totalmente de surpresa: não podia crer que ela tivesse decidido sacrificar sua vida para salvar a minha.

Embora estejamos a falar de 80 anos passados, nunca me esquecerei de suas últimas palavras e do seu olhar de adeus: “Eu já vivi o suficiente. Você precisa viver. É ainda tão jovem”.

Todas nascemos uma só vez. Naquele dia minha mãe me deu à luz novamente.

Entrega a Maria

Santa Maria, mulher de coragem,

Tu não te resignaste a sofrer a existência. Lutaste.

Encaraste os obstáculos de frente.

Reagiste perante as dificuldades pessoais e

e te rebelaste contra as injustiças sociais do teu tempo.

Santa Maria, mulher corajosa,

Tu – que, nas três horas de agonia aos pés da cruz, sorveste

as aflições de todas as mães da terra – dá-nos um pouco da tua força.

Tu, símbolo das mulheres irreduzíveis à lógica da violência,

guia os passos das “mães-coragem” para que rejeitem toda

a conivência silente e criminosa.

Ajuda-nos a carregar o fardo das tribulações diárias,

não com alma de desesperado, mas com a serenidade

de quem se sente levado na Mão de Deus.

Então, confortados pelo teu respiro,

te invocaremos com a prece mais antiga jamais escrita em tua honra:

«Debaixo da Tua proteção, nos refugiamos, ó Santa Mãe de Deus.

Não desprézes as nossas súplicas em nossas necessidades,

mas lívra-nos sempre de todos os perigos,

ó Virgem gloriosa e bendita».

Amém.

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