Maria é mulher recolhida em Deus, mas não isolada dos homens, de suas vidas, de sua história. Está em silêncio porque está em permanente e acolhedora escuta da Palavra de Deus e das palavras dos homens.

Seu silêncio torna possível sua escuta e seu discernimento, para identificar, entre as tantas palavras, aquela que realmente vale a pena.

Comentário do Reitor Mor

Mas, por que Maria é a mulher do silêncio?

Primeiramente, porque Ela é mulher de poucas palavras. No Evangelho, só fala quatro vezes: no anúncio do anjo, quando entoa o Magnificat, quando encontra Jesus no templo, em Caná da Galileia, onde, depois de dizer aos serventes que ouvissem a única palavra que contava, ela se cala para sempre.

Mas seu silêncio não é apenas ausência de palavras, de sons. Nem mesmo o resultado de uma particular ascese de sobriedade. É, ao invés, o invólucro teológico de uma presença. A concha de uma plenitude. O seio a proteger a Palavra.

Um dos últimos versículos da Epístola aos Romanos dá-nos a chave interpretativa do silêncio de Maria. Fala de Jesus Cristo como “a revelação do mistério silenciado pelos séculos eternos”.

Cristo, mistério silenciado. Isto é: escondido, secreto. Literalmente: envolto no silêncio.

Em outros termos: o silencio enfaixava o Verbo, a Palavra de Deus, no seio da eternidade.

Entrando no seio da história, não podia conter outras faixas. Maria as deu com sua Pessoa.

História

A experiência do silêncio

Certo homem foi ter com um monge de clausura.

E perguntou:

“Afinal, o que é que você aprende de sua vida de silêncio?”

O monge estava a tirar água de um poço e disse ao visitante:

“Olhe para o poço!

O que é que você vê?”

O homem olhou para o poço e disse:

“Eu não vejo nada!”

Depois de um instante, em que ficou perfeitamente imóvel, o monge

disse ao visitante:

“Olhe agora!

O que vê no poço?”.

O homem obedeceu e respondeu:

“Agora vejo a mim mesmo:

eu me reflito n’água”!

Disse o monge:

«Veja, quando eu afundo o balde, toda a água se agita.

Agora, porém, está calma.

Esta é a experiência do silêncio:

o homem vê a si mesmo!».

Entrega a Maria

Santa Maria, mulher do silêncio,

leva-nos de volta à fonte da paz.

Filhos do ruído, pensamos poder mascarar

a insegurança que nos aflige,

confiando em nossa interminável falação:

faz-nos entender que, só quando fizermos silêncio,

Deus nos poderá falar.

Santa Maria, mulher do silêncio,

aceita-nos em tua escola.

Mantém-nos afastados da feira dos ruídos

em que arriscamos atordoar-nos até o limite da dissociação.

Preserva-nos do ruído de inúteis novidades

que nos torna surdos à ‘boa notícia’.

Convence-nos de que é só no silêncio

que amadurecem as grandes coisas da vida: a conversão,

o amor, o sacrifício, a morte.

Uma última coisa queremos Te pedir, ó boa Mãe:

Tu, que experimentaste, como Cristo na Cruz,

o silêncio de Deus, não Te afastes de nós na hora da provação.

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