No âmbito do Encontro Continental de Obras Salesianas e Serviços Sociais da América (em curso de 9-13 de setembro de 2024), o Conselheiro Geral para a Pastoral Juvenil (PJ), P. Miguel Ángel García Morcuende, ministrou a palestra sobre a realidade juvenil no mundo “O universo dos jovens: uma reportagem fotográfica” – seguida por longa sessão de perguntas e respostas com os 120 participantes do evento.
O estudo da juventude – tal como o de outras faixas etárias (infância, ancianidade... – pressupõe um bom conhecimento dos contextos. Por isso, o P. García Morcuende começou com um diagnóstico da situação mundial, baseado no "Relatório de Riscos Globais" do "Fórum Econômico Mundial"; e nos estudos recentes da ‘American Association for the Advancement of Science’ (Associação Americana para o Avanço da Ciência), ilustrando os riscos globais que têm um impacto significativo quer na economia e recursos naturais quer nos jovens.
“Pensar a complexidade da questão juvenil, bem como interpretar as causas e as contradições materiais, sociais e culturais que a envolvem, parece ser hoje o verdadeiro desafio que está a atingir a sociedade civil, a política, as instituições e a Igreja”, afirmou o P. García, o qual também arrazoou acerca do impacto da situação global nos jovens, em 12 (doze) áreas concretas: falta de financiamento e de políticas públicas para os jovens; alguns indicadores demográficos e a dinâmica dos fluxos migratórios; acesso à educação gratuita e de qualidade; a ocupação e posse ilegal do território, o estigma do território e isolamento social; o emprego e qualidade do trabalho dos jovens (precariedade e baixos salários); a participação dos jovens nas instituições e na vida civil, social e política dos países; saúde mental e violência de gangues; as transformações estruturais da família; a construção da identidade; digitalização e tecnologia; igualdade de gênero e violência doméstica, e de casal; o processo de urbanização nos países.
Posteriormente, apresentou às Inspetorias salesianas algumas propostas concretas sobre que trabalhar. Entre outras interpretações concretas que nos permitam desenvolver projetos e construir utopias, abordou os seguintes temas: enfrentar as realidades sociais com visão profunda e imaginação criativa; ser Igreja pobre, decididamente empenhada por beneficiar os mais fracos e pobres; promover a caridade pastoral iluminada pela verdade e a serviço do desenvolvimento integral; trabalhar pela justiça e transformar as estruturas geradoras da pobreza; comprometer-se por cuidar da Casa Comum; cultivar uma espiritualidade sólida e aprofundar a dimensão evangelizadora da caridade; fortalecer a animação comunitária e o cuidado dos seus protagonistas; e, por fim, incentivar a Esperança, gerar processos.
Em suma, “os Salesianos devem ter olho de ourives e olho de sentinela: ‘de ourives’ para apreciar, amar e dar cor aos mínimos detalhes de cada dia; ‘de sentinela’ para não perder de vista o Horizonte para o qual nos encaminhamos: o Reino de Deus - já presente - e por cuja Plenitude nos devotamos”.