Nos últimos dias, a primeira aprendiz surda do Programa de Socioaprendizagem do Centro Salesiano do Aprendiz (CESAM) de Goiânia foi efetivada. Mariana Mota Reaych ingressou na instituição em 2022 e, antes de encerrar seu contrato de aprendizagem, recebeu o convite para permanecer no quadro de colaboradores da empresa que atua.
A jovem afirma que seu início no programa foi um amadurecimento mútuo, tanto dela quanto da instituição, mas que após os primeiros dias todos já estavam adaptados. “Meu desenvolvimento foi rápido. Fui muito bem recebida. Todos interagiram bastante comigo e me trataram com muito carinho. Aprendi sobre vários assuntos e tive muitas experiências no CESAM Goiânia.”
Entusiasmada com o novo ciclo, Mariana agradece a oportunidade que teve na instituição e acredita que o programa tem um papel importante na inclusão de jovens com deficiência no mercado de trabalho. “Estou muito feliz. Desejo evoluir na empresa e me tornar uma profissional ainda melhor. Também espero influenciar outros surdos a entrarem aqui para terem mais oportunidades de emprego no futuro.”
A fala da jovem reflete uma grande preocupação das pessoas com deficiência no Brasil. Apesar da lei nº 8.213/91 obrigar empresas a partir de 100 funcionários a reservar de 2% a 5% das vagas para esse público, o cenário é diferente. Segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sete em cada dez pessoas com deficiência estão fora do mercado de trabalho. O levantamento aponta que apenas 34,3% dessa população com emprego atua de modo formal e que ela recebe, em média, um terço a menos que os profissionais sem deficiência.
A diretora executiva do CESAM Goiânia, Rosângela Rodrigues, explica que este cenário coloca o Programa de Socioaprendizagem como algo ainda mais essencial para o acesso ao trabalho. “Temos como propósito contribuir coma inserção profissional dos jovens em situação de vulnerabilidade social. Então, foi fundamental nos prepararmos para acolher mais jovens com deficiência.”
Para receber Mariana, a instituição promoveu a capacitação dos educadores e contratou uma intérprete de Língua Brasileira de Sinais (Libras). A profissional acompanhou a aprendiz durante todo o programa, desde a formação teórica até os atendimentos socioeducativos e administrativos. “Foi um trabalho transformador, pois cada dia temos uma nova jornada, ajudando a comunidade surda a conquistar sua independência profissional, com muito amor e zelo”, afirma a intérprete-educadora da Mariana, Anna Carolyne Paz.
Rosângela Rodrigues reforça que o programa recebe jovens com diferentes tipos deficiência e acredita que a acessibilidade é, além de uma obrigação, um compromisso social, humano e cristão. “Como obra salesiana, vivemos o que Dom Bosco nos ensinou: ‘Não basta amar os jovens. É preciso que eles sintam que são amados’. Então, temos o dever e a responsabilidade de dar o máximo para nos capacitar e vivenciar a inclusão, acolhendo todos aqueles que precisam de nós.”