Maria, tendo vivido plenamente a sua vida como dom, é mulher de todos os tempos, também do nosso.
É sempre atual, não envelhece, não passa de moda. Podemos pensá-la ao nosso lado, em nossas provações, sofrimentos, angústias... Tendo-as sofrido todas, é agora nosso auxílio e proteção.
Comentário do Reitor Mor
Maria, mulher do nosso tempo, nós A queremos assim. Como alguém de nós, em sua casa, falando as nossas ínguas, o nosso dialeto, como especialista em tradições antigas e costumes populares.
Queremos imaginá-la assim, imersa na vida do nosso país, vestindo como hoje, sem causar sujeição a ninguém.
Como uma mulher que ganha o pão como todo o mundo, que
estaciona seu carro ao lado do nosso. Uma mulher de todas as idades, com a qual todas as mulheres se podem sentir à vontade, seja qual for a estação de suas vidas.
Queremos imaginá-la a passear pelas ruas do Centro e a parar para conversar com as OUTRAS. Ou encontrá-la no cemitério, a depor uma florinha na campa de seus queridos... Ou enquanto vai ao mercado, também a regatear sobre preços. Ou mesmo, como todas as mães, a esperar, no portão da escola pelo filho sai ao meio-dia, para levá-lo a casa, cobrindo-o de beijos.
Não a queremos como convidada, mas como concidadã, compartilhando nossos problemas comunitários e preocupada pelo mal-estar que abala AS NOSSAS CIDADES.
Maria, nós queremos senti-la assim: toda nossa!
História de maio
A mãe
O bom Deus havia decidido criar... a Mãe. Já se metera nisso havia seis dias, quando eis que aparece um anjo e diz: ‘Essa aí está a lhe tomar um bocado de tempo, não?!
E ele: «Sim, mas você já leu os requisitos da encomenda?
“Tem que ser perfeitamente lavável, não ser de plástico..., conter 180 peças móveis e todas substituíveis..., ‘funcionar’ com café e sobras do dia anterior..., ter um beijo que possa curar tudo: desde uma perna quebrada até uma decepção de amor... e ter seis pares de mãos”.
O anjo – incrédulo - meneou a cabeça e disse: «Seis pares de...!?».
«O difícil não são as mãos - disse o bom Deus - , mas os três pares de olhos que deve ter uma Mãe».
«Taaantos?»
Deus assentiu: «Um par para ver através das portas fechadas, quando pergunta: - “O que estão aprontando ali dentro, crianças?» mesmo que já o saiba. Outro par atrás da cabeça, para ver o que não deveria ver, mas precisa saber.
Mais um par ainda,/para dizer/tacitamente/ao filho que se meteu em apuros:/ «Sei, sei! E lhe quero bem!».
«Senhor – disse o anjo tocando-lhe suavemente o braço – , agora vá descansar, ok?! Amanhã é outro...”. «Não posso! – respondeu o Senhor Deus - , estou quase no fim. Já tenho uma que pode cuidar de si quando se estiver doente, que pode preparar ‘um almoço pra seis’ com meio quilo de carne moída e que pode manter debaixo do chuveiro uma criança de nove anos».
O anjo caminhou lentamente ao redor do modelo-mãe, examinando-o com curiosidade. «Macia demais», disse num suspiro. “Mas resistente!” - atalhou o Senhor, cheio de si. “Você não tem idéia do que pode fazer ou suportar uma Mãe».
«Ela pode pensar?» “Não só isso: sabe arrazoar, sabe negociar...», rebateu o Criador.
Nesse momento, o anjo se inclinou sobre o modelo da mãe, e tocou-lhe uma das faces. «Aqui há um vazamento», declarou.
«Nenhum vazamento! – corrigiu o Senhor – . É uma lágrima!».
«E pra que serve?» “Exprime alegria, tristeza, desilusão, dor, solidão, pundonor».
“Você é um gênio!” – exclamou o anjo. Com um misto de tristeza, Deus acrescentou: “Pra dizer a verdade, não fui eu a pôr essa coisa ali!».
Não foi Deus quem criou as lágrimas. Por que devemos fazê-lo nós?
Entrega a Maria
Santa Maria, mulher dos nossos dias, vem morar entre nós.
Faz que possamos sentir-Te perto de nossos problemas.
Faz-nos perceber que a modéstia, a humildade,
a pureza são frutos de todas as estações da história,
e que o volver do tempo não alterou a composição
química de certos valores como a gratuidade,
a obediência, a confiança, a ternura, o perdão.
Põe-Te, então, ao nosso lado; ouve-nos enquanto
Te confiamos as ansiedades diárias que angustiam as nossas vidas:
o salário insuficiente, o cansaço do estresse, a incerteza do futuro,
o medo de não dar conta, a solidão interior, a usura das relações,
a instabilidade dos afetos, a difícil educação dos filhos,
a incomunicabilidade até mesmo entre as pessoas mais caras,
a absurda fragmentação do tempo, a vertigem das tentações,
a tristeza das quedas, o tédio do pecado...
Santa Maria, mulher do nosso tempo,
Faz-nos sentir a tua reconfortante presença.