(ANS – Roma) – A apenas quatro dias da celebração do 207º aniversário do Pai e Mestre dos Jovens, o Conselheiro para a Região Mediterrânea nos fala da sua relação pessoal com Dom Bosco.

Quem é Dom Bosco para o senhor?

O Pai e Mestre dos jovens; o santo do otimismo, da alegria e da celebração; o homem de Deus que viveu como se enxergasse o invisível; o sacerdote comprometido com seus jovens até o último suspiro; o educador de coração apaixonado e inflamado pelo fogo da caridade pastoral... Nosso modelo, como diz o artigo 21 de nossas Constituições.

Como o conheceu?

Nasci em Burguillos, perto de Sevilha, e sou o mais velho de seis filhos. Uma família simples, feliz e unida. Meus pais nos ensinaram a ajudar os outros, transmitiram os valores cristãos e o amor à Virgem do Rosário. Em 1970 entrei no colégio dos salesianos de Utrera. Precisei fazer umaprova para conseguir uma bolsa de estudos e passei. Serei sempre muito grato aos meus professores de infância de Burguillos. Na época era praticamente a única chance de estudar, e se não fosse pela bolsa eu nunca teria conseguido frequentar Utrera. Mesmo com a bolsa, meus pais precisaram superar muitas dificuldades financeiras, mas entre outras opções escolheram os salesianos de Utrera, porque acreditavam que era o melhor para mim. Foi assim que conheci Dom Bosco e Maria Auxiliadora.

Por que decidiu ser salesiano?

No fundo, porque acreditava que este era o plano de Deus para mim. Captei alguns sinais: ao começar a cultivar um pouco a vida cristã e se deixar desafiar por Jesus, começamos a sentir uma inquietação interior para fazer algo mais pelos outros, sentimo-nos atraídos ou, pelo menos, interessados nessa vida, descobrimos quem é Dom Bosco é e somos fascinados por ele... Foi assim que o desejo surgiu em mim. Compreendi que o fundamental de uma vocação não é “pensar nela”, mas “aceitá-la e realizá-la”; e que Deus não quer "super-homens". Em suma, é uma graça à qual procuro responder todos os dias.

Como foi o seu percurso vocacional?

Eu tinha 10 anos quando cheguei em Utrera e passei sete anos naquele internato. A primeira coisa que me atraiu foram os salesianos. Eu os considerava diferentes, eram religiosos especiais, alegres, próximos, se preocupavam conosco, brincavam conosco ao mesmo tempo em que eram exigentes. Mais tarde, conheci a vida de Dom Bosco e comecei a compreender por que os salesianos eram assim. Fui uma criança sensível às histórias, aos feitos, aos milagres... Assim, comecei a compreender um pouco mais sua espiritualidade, que era muito simples, sua obra espalhada por todo o mundo, mas, acima de tudo, seu senso de celebração e de alegria: disseram-nos que a santidade consiste em estar sempre alegre. Quando chegou a hora de decidir meu futuro, senti em mim a inquietação do chamado a ser salesiano. Durante um retiro, me deparei com a frase: "A felicidade de muitos depende do seu sim ou do seu não". E decidi dizer SIM ao Senhor. Foi assim que comecei meu pré-noviciado e continuo até hoje.

Houve alguém que foi um novo "Dom Bosco" para o senhor?

Ao longo do meu caminho tive a sorte de conhecer muitas pessoas que me ajudaram a discernir, que me encorajaram e apoiaram. No meu ano de noviciado, e sempre como ponto de referência espiritual, estava meu mestre de noviços, Paco Alegría. Depois, nos anos de pós-noviciado, Paco Vázquez, que me ajudou a acender no coração a paixão pastoral juvenil e que, quando fui nomeado Delegado para a Pastoral Juvenil, ainda muito jovem, abriu para mim um horizonte salesiano inesperado e enriquecedor. No biênio, Alonso Vázquez: nunca encontrei um salesiano com um coração tão imenso e com mais “inteligência pastoral” do que ele, protótipo do coração oratoriano. Durante os anos de teologia, Antonio Calero me ajudou a formar meu coração sacerdotal como um bom pastor e me ensinou que é importante estar intelectualmente e teologicamente qualificado para poder responder aos desafios dos jovens. Serei sempre grato, também, a Luis Fernando Álvarez, que me ensinou a celebrar a Missa; a José Antonio Rodríguez Bejerano, colossal missionário que considero um verdadeiro santo; ao meu caro amigo de alma e jovem sacerdote que cedo foi levado ao Céu, Manolo G. Parra, um turbilhão apostólico com uma extraordinária capacidade de atrair os jovens.

Quais são as características de Dom Bosco que o senhor mais admira?

São muitas, porque Dom Bosco tem uma personalidade envolvente e rica em nuances. Pessoalmente, admiro a sua capacidade de amor pessoal, mesmo cheio de ternura, por cada jovem; seu boné capacidade de combinar realismo e magnanimidade; sua coragem de sonhar; seu reconhecimento agradecido a Deus que acompanhou e guiou seus passos; seu olhar de fé que o levou a viver "como se visse o Invisível". A unidade extraordinária e harmoniosa de sua existência na síntese vital do "sinal do amor de Deus pelos jovens".

Na sua opinião, os jovens ainda podem encontrar inspiração em Dom Bosco?

Absolutamente sim. Dom Bosco continua a ser uma figura que fascina muito os jovens e continua a conquistar seus corações. Acabei de viver a experiência de Campobosco, com cerca de 800 jovens da Espanha e Portugal que visitaram os lugares de Dom Bosco e Madre Mazzarello. Contemplar seus rostos quando visitam estes lugares e ouvem sobre o que viveu Dom Bosco é uma experiência que confirma o fascínio que ele continua despertando em tantos jovens que se sentem atraídos por ele; jovens deste tempo, desta cultura, com os interesses e as características deste tempo, capazes de se relacionar com ele e de se deixar interpelar por ele.

Como os salesianos podem ser novos Dom Bosco para os jovens?

Estou convencido de que só há um caminho: estar sempre entre eles, com um olhar profundo de fé. O que o Reitor-Mor chama de "sacramento salesiano da presença". Claro que as circunstâncias que acompanham cada momento da nossa vida tornam a modalidade de presença diferente, mas é sempre uma presença. Quando não estamos com eles, quando não ocupam o centro do nosso coração, da nossa mente, da nossa atenção... então o nosso coração deixa de bater como salesiano e a nossa vocação enfraquece. Meditar todos os dias, ou pelo menos com frequência, no artigo 21 de nossas Constituições, "Dom Bosco, nosso modelo", nos ajudará muito.

Como Dom Bosco inspira seu trabalho como Conselheiro Regional?

Neste momento da minha vida salesiana, duas coisas de Dom Bosco inspiram minhas atitudes no cumprimento do meu serviço, ainda que nem sempre as compreenda; uma é o sentido de paternidade que Dom Bosco viveu com tanta profundidade e concretude; a outra é a abertura de horizontes, seja do ponto de vista cultural como carismático, para podermos olhar além de nossa realidade e superar nossas fronteiras.

Se o senhor pudesse encontrar Dom Bosco, o que gostaria de dizer ou perguntar a ele?

Diria a ele que ainda hoje há muitos jovens que não são felizes e pediria para ter um coração grande coração como o dele e uma sabedoria e inteligência pastoral como a dele para poder ajudar, hoje, tantos jovens perdidos e excluídos da verdadeira e autêntica felicidade.

Fonte: ANS

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