No dia 14 de novembro, o Brasil celebra o Dia Nacional da Alfabetização — uma data que nos convida a refletir sobre o poder transformador da educação e sobre o compromisso de tornar o conhecimento acessível a todos.

O Dia Nacional da Alfabetização foi instituído em 1966, em referência à criação do Ministério da Educação e Cultura (MEC), ocorrida em 14 de novembro de 1930. A data busca valorizar o papel dos educadores e das instituições que atuam para garantir o direito de aprender, elemento fundamental para o exercício da cidadania.

Nas escolas e obras sociais salesianas, alfabetizar é muito mais do que ensinar a ler e escrever: é ensinar a viver, conviver e sonhar.

Desde Dom Bosco, a alfabetização é compreendida como ato de amor e promoção da dignidade humana. O educador de Turim acreditava que cada jovem, ao aprender as primeiras letras, também aprendia a ler a própria vida e a escrever sua história com esperança. Seu método, fundamentado no Sistema Preventivo, unia razão, religião e amorevolezza (amor educativo), e fazia da escola um espaço de confiança, diálogo e alegria.

Em um ambiente acolhedor, os meninos aprendiam não apenas a decifrar palavras, mas a desenvolver virtudes, responsabilidades e sonhos. Dom Bosco costumava dizer que “educar é questão do coração” — e é justamente o coração que dá sentido à alfabetização salesiana, porque nela o aluno é amado, valorizado e convidado a crescer integralmente: na mente, no coração e na fé.

Curiosamente, essa visão dialoga com o pensamento de Paulo Freire, outro grande educador que marcou a história da pedagogia.

Tanto Dom Bosco quanto Freire entendiam que alfabetizar é libertar: é abrir horizontes, gerar consciência e transformar realidades. Ambos valorizavam o diálogo como caminho do aprendizado e a relação humana como fonte de todo verdadeiro ensino.

Para eles, a alfabetização não é apenas decodificar símbolos, mas ler o mundo para transformá-lo.

A pandemia de 2019 provocou uma quebra brusca na trajetória de avanço da alfabetização no Brasil, e o cenário em 2025 mostra que os efeitos persistem: por exemplo, um estudo apontou que cerca de 30% das crianças de 8 anos ainda não sabiam ler e escrever em 2023, contra cerca de 14% em 2019[1].

Além disso, a pesquisa mais recente sobre analfabetismo funcional revela que 29% da população entre 15 e 64 anos permanece com habilidades de leitura, escrita ou cálculo muito reduzidas, e entre os jovens de 15 a 29 anos esse percentual aumentou de 14% em 2018 para 16% em 2024[2].

Ao mesmo tempo, há sinais de recuperação: o indicador de crianças alfabetizadas na idade certa alcançou 59,2% em 2024, frente a 56% em 2023[3]. Esse dado mostra que, embora tenhamos melhorado, ainda não recuperamos totalmente os níveis anteriores à pandemia — nem alcançamos a meta de 60% para 2024[4].

Hoje, quando tantas crianças, adolescentes e jovens ainda enfrentam desafios no acesso à educação de qualidade, o carisma salesiano continua a inspirar educadores em todo o país.

Nas salas de aula, nos pátios, nas oficinas e nas rodas de conversa, seguimos alfabetizando com o coração, ajudando cada educando a reconhecer o próprio valor e a colocar seus dons a serviço da vida.

A Inspetoria São João Bosco reafirma, neste Dia Nacional da Alfabetização, seu compromisso com uma educação integral, humanizadora e cristã, que forma “bons cristãos e honestos cidadãos”, capazes de construir um futuro mais justo, solidário e cheio de esperança.

 

[1] (UOL Notícias)

[2] (Educação UOL)

[3] (Serviços e Informações do Brasil)

[4] (UOL Notícias)

 

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