Caros amigos,

Na vida de Dom Bosco existe uma preciosa correlação entre o processo de fundação dos primeiros grupos da Família Salesiana e o desenvolvimento do seu ardor missionário “ad gentes”.

Em 1844, Dom Bosco manifestou o desejo de entrar no instituto missionário dos “Oblatos da Virgem Maria”. A partir de 1848, fala frequentemente do envio de missionários à Patagónia e à Terra do Fogo. Daniel Comboni visitou o Oratório em 1864. Durante o Concílio Vaticano I (1870) encontrou-se com muitos bispos de zonas missionárias. Em 1871 teve o seu primeiro sonho missionário. Em 1875 (aprovação dos Salesianos Cooperadores), fez a sua primeira expedição missionária, as FMA fizeram-no dois anos depois. E os seus sonhos continuaram até a sua morte.

Em Dom Bosco, o cultivo do ideal missionário e a participação na obra missionária da Igreja andaram de mãos dadas com a fundação dos primeiros grupos da Família Salesiana. Por isso, devemos reforçar a nossa vocação missionária comum em favor dos jovens e dos pobres, para que o Reino de Deus chegue a todos.

Pe. Joan Lluís Playà SDB
Delegado do Reitor-Mor para a Família Salesiana

Crise como oportunidade nas famílias  

Culturalmente, as crises familiares tendem a ser vistas como acontecimentos negativos, associados ao fracasso, à ruptura e ao fim. Há uma tendência para esconder os momentos de dificuldade e procurar soluções individualmente. No entanto, o termo “crise” deriva do grego “krino”, que significa “julgar”, “discernir”, “avaliar”, sugerindo a oportunidade de questionar e repensar, porque as crises são vistas como uma parte natural do ciclo de vida familiar, uma experiência antropológica e evolutiva. Cada família passa por diferentes fases com tarefas específicas de desenvolvimento que implicam uma reformulação contínua das relações.

“Todas as crises escondem boas notícias que é preciso saber escutar, apurando o ouvido do coração” (Amoris Laetitia 232).

A abordagem das crises familiares do ponto de vista pastoral requer:

  • Trabalhar no sentido de uma conversão de mentalidade, considerando as crises como etapas naturais. Einstein define a crise como uma bênção que conduz ao progresso, à criatividade e à inovação, porque é na crise que emerge o melhor de cada um e que se ultrapassam os próprios limites.
  • Abordar as situações de crise “na ponta dos pés”, com ternura, compreensão e respeito.
  • Escutar com o coração, criando empatia e compaixão. A escuta não deve ter como objetivo dar respostas imediatas, mas sim entrar na dor da outra pessoa e permanecer nela até poderem sair juntos.
  • Acompanhar as pessoas na aceitação da sua fragilidade, reconciliando-se com o seu passado.
  • Educar para o perdão e a perdoar a si mesmo, porque a bondade e o perdão são o cuidado conosco e com os outros.
  • Promover uma espiritualidade do caminhar em vez de uma espiritualidade da perfeição.
  • Reconhecer as famílias como sujeitos ativos na pastoral, colaborando e investindo na sua formação.
  • Acolher todas as famílias, especialmente as vulneráveis, ajudando a curar as suas feridas.
  • Recuperar a dimensão espiritual no contexto familiar.
  • Promover encontros de formação para famílias, casais e jovens.
  • Trabalhar com especialistas, leigos competentes, para falar sobre laços e família.

Em suma, o acompanhamento de famílias em crise requer figuras capazes de escuta empática, compreensão, apoio e promoção de uma visão positiva da crise. Aqueles que acompanham as famílias devem ser facilitadores do crescimento, do perdão e da reconciliação, apoiando-as ao longo do caminho, reconhecendo o seu papel ativo e acolhendo a sua diversidade.

Antonella Sinagoga, Membro do Setor da Pastoral Juvenil,

Psicoterapeuta e Mediador Familiar

COMO PERDOAR AS TRANSGRESSÕES DOS MISSIONÁRIOS DO PASSADO?

Querida irmã Koshuni, o que significa para você, que é missionária, perdoar as transgressões dos missionários do passado?

A natureza da vida missionária implica navegar em cenários culturais e políticos complexos. Estas vulnerabilidades intrínsecas podem levar a ações bem-intencionadas ou a ter consequências não intencionais e até prejudiciais. Perdoar transgressões passadas, portanto, exige que reconheçamos o contexto histórico e os limites da nossa compreensão daquele momento. No entanto, creio que o perdão não nos tira da responsabilidade de reconhecer o mal causado e de aprender com os erros do passado. Como cristãos, confessamos os nossos pecados para sermos purificados (1Jo 1,9) e pedimos perdão a Deus tal como perdoamos aos nossos devedores (Mt 6,12). Com esperança, rezo diariamente por esta graça.

Porque é tão difícil perdoar?

Compreendo que perdoar significa dar uma parte de mim ao outro que me fez mal, seja qual for, para o bem dele ou dela. É preciso um esforço consciente para dar prioridade ao bem-estar dos outros em relação a mim. Por esta razão, por vezes demoro algum tempo a perdoar os outros. No entanto, através da minha experiência pessoal de dar e receber o perdão da minha família, dos meus amigos e de mim mesmo, percebo de que o perdão não é tão difícil como pode parecer à primeira vista. Cada ser humano perdoa à sua maneira. Talvez as pessoas só precisem de algum tempo para perceber que, ao perdoar, damos poder aos outros e ganhamos nossa liberdade interior. Por isso, eu diria que a capacidade de perdoar é mais surpreendente do que difícil. Sempre que sou capaz de perdoar aos outros ou a mim mesmo, sinto-me espiritualmente elevado.

Como pode a Família Salesiana ajudar a promover o perdão das feridas e dos erros sofridos?

Uma das minhas convicções, como membro da Família Salesiana, é o princípio simples de São Francisco de Sales: preferir uma gota de mel a um barril de vinagre para atrair as pessoas a Deus. São Francisco de Sales enfatizou a compaixão como um valor central de Jesus, essencial para a santidade cristã. Desta espiritualidade salesiana, Dom Bosco extraiu esperança, luz e força para o seu ministério, o que lhe permitiu conquistar muitos corações endurecidos e guiar almas perdidas. O seu ministério pastoral foi constantemente orientado para o bem-estar dos outros. Da mesma forma, como membros da Família Salesiana, é essencial que primeiro experimentemos o poder curativo do perdão dentro de nós e depois estendamos esta graça aos outros. Através deste ato de perdão, encarnamos verdadeiramente a espiritualidade salesiana, modelando o amor e o cuidado que Dom Bosco exemplificou.

Fonte: sdb.org

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