Caros amigos,
O ser humano – ao contrário de outras espécies – precisa de bastante tempo para crescer e assumir a vida em suas próprias mãos. Não apenas se alimenta do leite materno, mas também necessita da seiva que provém do cuidado dos mais próximos, assim como do ambiente em que vive. Cada um de nós é moldado pela família e pela sociedade. Alimentamo-nos do pão do nosso lar e, ao mesmo tempo e com igual importância, do alimento que nos é proporcionado pela cultura onde vemos a luz deste mundo pela primeira vez. Esse processo de crescimento progressivo é a educação. Educar e educar-se são um direito humano. A Igreja, desde os primeiros tempos, se considera “Mater et Magistra” e, por isso, contribui decisivamente para o crescimento da humanidade, oferecendo a contribuição que vem do Evangelho. Não é errado, nem tampouco uma pretensão de doutrinação, dizer que a ação missionária é uma ação educativa e que, de muitas maneiras, contribui para a educação dos povos aos quais anuncia a Boa Nova.
Pe. Oscar Emilio
Lozano Ríos SDB
Docente da Faculdade de Ciências da Educação, UPS, Roma
Cagliero11 e o ano jubilar 2025
O ano de 2025, que começaremos em poucos dias, será o ano do 29º Capítulo Geral, mas também um ano de aniversários. Além do Jubileu proclamado pelo Papa Francisco, nós, como Salesianos e Família Salesiana, estamos comemorando três grandes aniversários: 200 anos do sonho de Joãozinho Bosco aos nove anos, 150 anos da primeira expedição missionária salesiana à Argentina e 150 anos da abertura da primeira casa salesiana fora da Itália, em Nice, na França. Todos esses aniversários têm um forte caráter missionário. Nessas poucas linhas, queremos focar no aniversário da primeira expedição missionária.
Este aniversário é muito “pessoal”, pois é fruto da vocação missionária e do trabalho de milhares de salesianos concretos. Nosso vigário, Dom Stefano Martoglio, afirma: “Este aniversário missionário tem o rosto de todos aqueles que partiram nesses 150 anos para levar a fé em Deus e a missão salesiana na educação. A fidelidade de Deus nos assegura que isso não é passado, mas uma condição permanente de nossa congregação”.
O lema escolhido para esta ocasião destaca o que queremos sublinhar ao comemorarmos este extraordinário patrimônio de 150 anos: agradecer, repensar, relançar.
AGRADECER: agradecemos a Deus pelo dom da vocação missionária que permite hoje aos filhos de Dom Bosco e à sua Família alcançar os jovens pobres e abandonados em 137 países.
REPENSAR: é uma ocasião propícia para refletir e desenvolver uma visão renovada das missões salesianas à luz dos novos desafios e perspectivas que têm inspirado novas reflexões missionárias.
RELANÇAR: não temos apenas uma história gloriosa para recordar e pela qual sermos gratos, mas também uma grande história ainda a ser realizada! Olhamos para o futuro com zelo missionário e entusiasmo renovado para alcançar um número ainda maior de jovens pobres e abandonados.
Além disso, este ano o Cagliero11 quer se concentrar ainda mais no aniversário missionário e em suas três palavras-chave. Em particular, as intenções missionárias de cada mês se concentrarão não em países específicos, mas em certos grupos de pessoas ou movimentos dentro de nossa Família Salesiana. Neste primeiro mês de 2025, queremos agradecer. Agradeceremos, em particular, pela educação e pela instrução e rezaremos pelos delegados para a Pastoral Juvenil.
Feliz ano jubilar, feliz ano missionário!
£ P. Pavel Ženíšek SDB e Marco Fulgaro
Membros do Setor para as Missões
A FORMAÇÃO INTEGRAL DO HOMEM – A MAIOR PREOCUPAÇÃO DOS PRIMEROS MISSIONÁRIOS NO CONGO
Em que medida você se sente influenciado em seu caminho vocacional pelo trabalho dos missionários salesianos no Congo?
Se olharmos para a história da Igreja no Congo, podemos perceber que o cristianismo nessa região, embora certamente um dom de Deus, é sobretudo fruto do empenho pastoral dos primeiros missionários. Minha vocação floresceu graças à proximidade, ao contato e ao apoio dos missionários que tivemos a sorte de encontrar em Pointe-Noire, no Congo Brazzaville. Tanto nos grupos de fé quanto no meu compromisso como animador de centros juvenis e, hoje, como sacerdote salesiano, posso dizer que sou fruto da formação e do acompanhamento dos missionários. Cabe a mim ser um bom exemplo para os jovens de hoje.
Qual foi a maior contribuição dos primeiros missionários para a educação e formação da população do Congo?
Seja na República Democrática do Congo ou no Congo Brazzaville, que compõem a nossa Visitadoria, a maior contribuição dos primeiros missionários, para mim, foi a preocupação que tiveram com a formação integral do homem. Desde o surgimento das primeiras missões no Congo Brazzaville, por exemplo, não pudemos deixar de notar o desenvolvimento paralelo entre a sala de catequese e a sala de aula, tudo isso acompanhado por um pequeno dispensário. Os primeiros missionários sabiam que evangelizar e educar eram duas faces da mesma moeda. Com eles e através do compromisso deles, aprendi que evangelização e humanização são irmãs gêmeas.
A Visitadoria ACC é atualmente abençoada com muitas novas vocações salesianas. Qual é o significado de receber novos missionários estrangeiros?
Sou, por minha vez, fruto de uma formação cultural diversificada. De fato, tive a sorte de estudar e desenvolver minha vocação em contextos multiculturais. Diferentes nacionalidades se encontraram e enriqueceram nossos belos momentos de formação. Assim, mesmo com o crescimento das vocações na minha Visitadoria, acolher novos missionários estrangeiros é uma bênção. Eles enriquecem a Visitadoria com sua cultura, formação, tradição cristã e salesiana. Uma Inspetoria que se fecha para a acolhida de novos missionários estrangeiros fecha a porta à graça e, talvez, também ao espírito do nosso fundador. O que seria de nossa congregação hoje sem essas primeiras expedições missionárias? Estou convencido de que a uniformidade empobrece o carisma, enquanto a diversidade o enriquece.