A cerimônia de despedida do Papa Francisco ocorreu na Praça de São Pedro no sábado, 26 de abril, contando com a participação de 250 mil pessoas, incluindo tantos líderes políticos, e de milhões ao redor do Mundo. A grande multidão aplaudiu com entusiasmo a celebração solene. "Dedicação constante à paz diante de conflitos violentos". Ele enfatizou vigorosamente que "somos todos irmãos", disse o Cardeal Re. O desfile do Ataúde pelas ruas da Urbe pelo rumo de Santa Maria Maior seguir-se-ia ágil, serena e composta.

Ele costumava dizer aos mais próximos que, no dia de sua partida da vida terrena, queria uma “festa”. E assim foi, repassado de solenidade. Houve muitos aplausos quando o Corpo deixou a Basílica de São Pedro pelas 10h08, carregado nos ombros pelos sediários pontifícios em uma procissão silenciosa.

E outros aplausos ainda, quando o Decano recordou: o desejo de Jorge Mario Bergoglio de uma Igreja que fosse "uma casa aberta a todos"; a sua primeira viagem a Lampedusa para levar alívio em meio a uma das mais tremendas tragédias migratórias; quando recordou o seu chamado a deveres e responsabilidades para a Casa Comum; o seu apelo incessante por entre a pandemia de Covid-19 e o drama da guerra: "Ninguém se salva sozinho", para implorar paz, paz contra uma guerra que - ele disse muitas vezes - "é sempre uma derrota".

O Cardeal refletiu sobre a última aparição pública de Francisco no domingo de Páscoa, quando, apesar dos graves problemas de saúde, deu a Bênção ‘Urbi et Orbi’ no balcão de São Pedro e, logo após, desceu à praça para saudar a grande multidão que acompanhava o papamóvel. Um sinal de sua disposição de "trilhar esse caminho de doação até o último dia de sua vida terrena".

Em meio a metáforas e recordações, Re revisitou o dia 13 de março de 2013, data em que o Arcebispo de Buenos Aires foi eleito para o Trono de Pedro. Ele se apresentou com o nome de Francisco: uma escolha - enfatizou - que imediatamente pareceu simbolizar "um programa e um estilo no qual ele queria basear seu Pontificado, procurando se inspirar no Pobrezinho de Assis".

"Ele foi um Papa no meio do povo, com um coração aberto para todos"; e também um Papa "atento ao novo que estava a surgir na sociedade e ao que o Espírito Santo estava a suscitar na Igreja", disse Re. Essa atenção e proximidade eram visíveis também no vocabulário com o qual Francisco "sempre procurou iluminar os problemas de nosso tempo: com a sabedoria do Evangelho". "Ele tinha uma grande espontaneidade e uma maneira informal de se dirigir a todos, mesmo às pessoas distantes da Igreja".

Um carisma, o de Francisco, "de acolhimento e escuta", combinado com "um modo de se comportar típico da sensibilidade de hoje": foi assim que ele "tocou os corações, tentando despertar energias morais e espirituais".

"A primazia da evangelização" foi assim o princípio orientador de seu Pontificado; assim como "a convicção de que a Igreja é uma casa para todos; uma casa com portas sempre abertas". Várias vezes, o papa argentino recorreu à imagem da "Igreja como um hospital de campanha". Uma Igreja "ansiosa por cuidar com determinação dos problemas das pessoas e das grandes ansiedades que dilaceram o mundo contemporâneo" e "capaz de se inclinar sobre cada homem, além de qualquer credo ou condição, curando-lhes as feridas".

Muitas foram as suas ações e apelos em favor de refugiados e pessoas deslocadas. "Também foi constante a sua dedicação em ajudar os menos favorecidos", destacou King, enumerando suas visitas a Lampedusa, Lesbos e à fronteira entre o México e os Estados Unidos. Todos os lugares foram afetados pelo drama da migração. Depois, o Iraque, em 2021, "desafiando todos os riscos" e que "ficará marcada na história" por ser "um remédio para as feridas abertas do povo iraquiano, que havia sido tão castigado pela ação desumana do Isis". Uma viagem igualmente crucial para o diálogo inter-religioso, "outro aspecto significativo do seu trabalho pastoral".

"Misericórdia" e "alegria do Evangelho" foram duas outras palavras-chave desse pontificado: "Em contraste com o que ele chamou de 'cultura do descarte', ele falou da cultura do encontro e da solidariedade". A fraternidade" também permeou todo o pontificado em tons vibrantes. A ‘Fratelli tutti’ cristalizou este desejo com o objetivo de "reavivar a aspiração mundial à fraternidade" e relembrar que "todos nós pertencemos à mesma família humana".

Outra encíclica simbólica - a Laudato si' – recorda as responsabilidades e a responsabilidade compartilhada em relação à Casa Comum, como citado por Re. A mensagem principal é "Ninguém se salva sozinho", e o Papa também a enfatizou nas guerras dos últimos anos, "marcadas por horrores desumanos, mortes e destruição". Portanto, "o Papa Francisco tem insistentemente clamado por paz, incentivando a razoabilidade e a negociação honesta para encontrar possíveis resoluções, pois a guerra, segundo ele, "não é apenas a morte de pessoas; é também destruição de casas, hospitais, escolas".

Um enorme legado, portanto, o de Jorge Mario Bergoglio. E hoje todos rezam "para que Deus o acolha na imensidão de Seu amor". O Papa Francisco costumava finalizar os seus discursos e reuniões dizendo: 'Não se esqueçam de rezar por mim'. Caro Papa Francisco, agora lhe pedimos que reze por nós e que do Céu abençoe a Igreja, abençoe Roma, abençoe o Mundo inteiro", concluiu Re, com mais aplausos no final da homilia.

Quando tudo se completou, o ataúde foi aspergido e incensado, seguindo pelo Rito da ‘Ultima Commendatio’, da ‘Valedictio’ e da ‘Supplicatio’ dos Patriarcas, Arcebispos Maiores e Metropolitas das Igrejas Católicas Orientais.

Os sinos de São Pedro tocaram às 12 horas. Menos de vinte minutos depois, a ‘festa’ terminou e a Procissão para a Santa Maria Maior começou, com milhões de Fiéis em todo o Mundo a acompanhá-lo à última morada, à Casa de "sua" Mãe, a quem Ele sempre dizia: "Obrigado!".

Fonte: ANS
Foto: Vaticano News

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