Na última sexta-feira (06/06), o Centro Salesiano do Aprendiz (CESAM) de Goiânia promoveu a Formação Permanente de Educadores sobre a erradicação do trabalho infantil. A capacitação, que acontece periodicamente com todos os colaboradores, discutiu o tema como parte das ações salesianas em sensibilização para o Dia Mundial contra o Trabalho Infantil (12 de junho). Conduzida pela Comissão de Articulação Social da instituição, a formação também refletiu sobre o papel da socioaprendizagem na proteção integral de crianças e adolescentes.
Junho é marcado pela mobilização da sociedade e do poder público em uma campanha nacional para o enfrentamento ao trabalho infantil. A mobilização tem como correalizadores o Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção a Adolescentes no Trabalho (FNPETI), o Ministério Público do Trabalho (MPT), a Justiça do Trabalho, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT). Com o slogan “Toda criança que trabalha perde a infância e o futuro”, a campanha reforça a necessidade de ações de erradicação dessa violação de direitos.
A supervisora de aprendizagem do CESAM Goiânia, Vanessa Rodrigues, afirma que a formação é uma oportunidade para reforçar a mobilização nacional internamente, especialmente da equipe socioeducativa do Programa de Socioaprendizagem. “É importante proporcionarmos momentos como este, tendo em vista o papel que exercemos. Como educadores sociais de aprendizes, somos agentes de transformação e multiplicadores de conhecimento e conscientização. Estamos falando de uma violação de direitos que está muito presente nas comunidades dos nossos jovens. É um assunto de extrema seriedade e que precisa ser discutido com muita responsabilidade.”
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua do IBGE registrou 1,607 milhão de crianças e adolescentes de 5 a 17 anos em situação de trabalho infantil no país em 2023. Segundo os dados da OIT e do UNICEF, cerca de 160 milhões de crianças e adolescentes estavam em situação de trabalho infantil no início de 2020, sendo 63 milhões de meninas e 97 milhões de meninos. O levantamento também aponta que 79 milhões estavam envolvidas em atividades perigosas que colocam em risco sua saúde, segurança e desenvolvimento moral.
O educador do CESAM Goiânia Rodrigo Inácio acredita que abordar os dados e informações sobre trabalho infantil dentro da instituição é fundamental para fortalecer o combate. Para ele, a Formação Permanente de Educadores contribui para a construção de um pensamento crítico sobre a realidade em que vivemos e como podemos modificá-la para melhor. “É importante e necessário buscarmos ampliar essa discussão na vida cotidiana e não permanecer tolerante. Se incomodar com essa situação faz total diferença. Portanto, disseminar a informação aos vizinhos, parentes e pessoas de forma geral que desconhecem o assunto é vital para conscientização de todos".
Já a educadora Thallya Carvalho afirma que o tema merece reflexão também sobre causas mais profundas que levam a essa exploração. “O trabalho infantil representa uma grave violação dos direitos das crianças, como à infância, ao desenvolvimento pleno e à educação. Ele precisa ser combatido com rigor, pois está diretamente relacionado à profundas desigualdades sociais e mazelas do nosso país.” Ela reforça que a abordagem do tema com educadores sociais é essencial para a formação de cidadãos conscientes. “É nossa responsabilidade promover o debate, disseminar informações e sensibilizar os jovens, formando uma ampla rede de conscientização e transformação social.”
Vanessa reforça o papel do CESAM Goiânia no enfrentamento ao trabalho infantil por possibilitar aos adolescentes e jovens de 14 a 24 anos a inserção no mercado de trabalho de forma legalizada e protegida. “Milhares de crianças e adolescentes no Brasil são privadas do seu direito viver e se desenvolver de forma digna, sendo expostas a jornadas exaustivas e ambientes inseguros. Nosso Programa de Socioaprendizagem já soma 1.210 aprendizes, que têm um acompanhamento integral, envolvendo os aspectos sociopedagógico, escolar, profissional e familiar.”
“Nossa qualificação socioprofissional não é apenas uma oportunidade de emprego, mas uma ponte para a cidadania, o autoconhecimento e a construção de um futuro melhor. Quando acolhemos um jovem no programa, mostramos que ele é visto, respeitado e valorizado. Então, mais que a capacitação profissional e uma vaga de trabalho, a socioaprendizagem rompe ciclos de exclusão e vulnerabilidade, sendo uma forma de garantir direitos dos aprendizes e suas famílias”, afirma a supervisora de aprendizagem.”
Vanessa ressalta que a Formação Permanente de Educadores é o marco inicial das atividades de sensibilização do CESAM Goiânia que acontecerão durante todo o mês. “Além da capacitação para os colaboradores, também faremos a Formação Permanente de Aprendizes, ações direcionadas dentro dos módulos do Programa de Socioaprendizagem, encontro com familiares e também uma blitz de conscientização externa. Entendemos que essa é uma causa que exige mobilização coletiva, e assumimos esse compromisso com seriedade e ação concreta. Estamos muito confiantes de que levaremos essa campanha para muito além dos muros da instituição.”