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Histórias de grandes nações são marcadas por luzes e sombras que não podem ser ignoradas em um sincero processo de maturação; para reconciliar-se com seu povo o Brasil tem feito ao longo dos últimos anos, ainda que a passos lentos, uma profunda revisão da história e de suas estruturas em vista de corrigir-se e ajustar-se como uma sociedade mais justa e fraterna. Tanto na perspectiva dos povos originários como na dos descendentes das pessoas escravizadas advindas dos diversos países de África, o caminho educacional sempre encontrou significativas barreiras de acesso na educação formal, que pautada em currículos eurocêntricos desconsideravam ou até mesmo folclorizar a cultura destes povos.

Com a ascensão desses grupos ao campo acadêmico por meio das políticas de cotas de 2012, até mesmo as academias foram forçadas a se auto-avaliar sobre as verdades históricas ali debatidas. Ao perceber como sujeitos àqueles que outrora eram meros objetos de estudos, a educação superior começou a desconstruir-se das aparentes verdades imutáveis. Este fato evidencia que a educação, aliada ao diálogo, desempenha um papel central na reconstrução do Brasil.

A implementação de uma educação antirracista é fundamental para desconstruir preconceitos e promover a valorização da diversidade étnico-racial. Segundo Bárbara Carine (2023), "o educador antirracista não apenas reconhece as desigualdades raciais, mas age intencionalmente para transformá-las". Isso implica em um ensino que valorize as contribuições das populações originárias, afrodescendentes e de outras etnias historicamente marginalizadas. O currículo escolar, portanto, deve ser reformulado para incluir narrativas plurais e combater o silenciamento de vozes negras na história e na cultura brasileira.

O diálogo pressupõe reciprocidade entre os diferentes, por isso ele desempenha um papel essencial na construção de uma consciência crítica. Todo espaço verdadeiramente educativo precisa ser um ambiente de escuta e troca, onde educandos e educadores possam refletir sobre as possibilidades e desafios no enfrentamento das barreiras raciais. Como afirma Carine (2023), "o diálogo é uma ferramenta poderosa na educação antirracista, pois possibilita a ressignificação de conceitos e a construção coletiva de saberes". Esse processo deve envolver todos os membros da Comunidade Educativo Pastoral, promovendo uma transformação social ampla e contínua.

Outro aspecto essencial é a formação do educador. Para que a educação e o diálogo sejam eficazes no combate ao racismo, é necessário que todos sejam preparados para abordar a temática de forma crítica e reflexiva. Programas de formação continuada precisam ser implementados, proporcionando subsídios teóricos e metodológicos para que os educadores possam atuar como agentes transformadores. Ao promover um ensino antirracista e criar espaços de escuta e debate, é possível desconstruir estereótipos e fomentar uma sociedade mais inclusiva. Como destaca Bárbara Carine, ser um educador antirracista exige compromisso, conhecimento e ação. É hora de se comprometer com a ação.

 Carine, B. Como ser um educador antirracista, Ed. Planeta, 2023.

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