O Novo Ensino Médio está chegando e as dúvidas sobre o que mudará nas rotinas de aprendizagem são comuns tanto entre os estudantes, quanto entre as famílias.

 Para continuar as reflexões sobre esse tema, convidamos Luciano Carielo, Gestor Pedagógico e integrante do Grupo de Estudo do Novo EM da Inspetoria São João Bosco (ISJB) para um bate-papo. Confira a entrevista:

Como as escolas da ISJB estão se preparando para o Novo Ensino Médio?

Durante o ano de 2021, a Inspetoria criou um Grupo de Estudo do Novo EM (GT do Novo EM), que contava com a participação de diretores pedagógicos de algumas unidades, dos Gestores pedagógicos da ISJB e do Coordenador de Escolas da ISJB, Padre Geraldo Adair, SDB. Esse GT, além de definir as diretrizes para a construção da matriz curricular do Novo EM em nossas escolas, incluindo um Manual para a construção de itinerários formativos, desenvolveu uma pesquisa que foi respondida pelos alunos do 9º ano e de todo o EM, rodas de conversas com o auxílio do componente curricular Projeto de Vida, palestras e Congressos de pais e alunos. Também realizamos algumas reuniões com representantes da Rede Salesiana Brasil e da editora EDEBÊ. A partir daí, as escolas criaram grupos de estudo internos, a fim de pensarem os itinerários de sua unidade. Foi um trabalho intenso e bastante colaborativo, culminando na elaboração de 17 itinerários formativos no total. Em nossas escolas, optamos por itinerários formativos integrados (mais de uma área do conhecimento), de acordo com os anseios de nossos estudantes. Todas as propostas passaram ainda por uma Comissão de Escolas e Ensino Superior, Diretoria Administrativa e Financeira –DAFI e pela aprovação em Conselho Inspetorial.

 

O que as famílias podem esperar do i9+, o Novo Ensino Médio dos Colégios Salesianos da ISJB? O que muda para os alunos a partir da implantação do Novo Ensino Médio?

As famílias podem esperar inovação, flexibilidade, mais alegria em estudar. Os alunos passam a ter um núcleo comum, de Formação Geral Básica (FGB), que deve ser ministrado a todos os estudantes, e uma parte reservada aos Itinerários Formativos, de acordo com o interesse de cada aluno. A FGB cobrirá, no máximo, 1.800h da carga horária total do Novo EM. O restante será dedicado aos itinerários. Nesse formato, temos um currículo mais flexível, que possibilitará ao estudante o aprofundamento de estudos em sua área de interesse. Assim, o aluno passa a ter o poder de escolha, conforme suas aptidões - algo que não acontece no formato atual. Em nossas escolas, os estudantes continuarão contando, ainda, com a formação diversificada, que inclui componentes curriculares como o Salê Hands On, o Salê Talks, o Salê Thinking, o Salê Projeto de Vida (que já é trabalhado em nossas unidades desde o 6º ano do Ensino Fundamental), além de desenvolverem habilidades socioemocionais por meio da Salesianidade, um de nossos pilares pedagógicos.

 

Como você avalia esse cenário de mudanças propostas pelo Novo Ensino Médio no Brasil?

O Ensino Médio atual é pouco atrativo para os adolescentes, que se veem obrigados a estudar determinados temas que não são de seu interesse, uma vez que há uma carga muito pesada de conteúdos, a serem vistos por 100% dos estudantes. Com a implementação do Novo EM, apenas uma parte desse repertório será vista por todos. Com os itinerários formativos, espera-se que os anseios dos estudantes sejam atendidos, já que, em tese, poderão escolher o caminho mais adequado à sua formação. A grande questão é: será que todas as escolas do Brasil, públicas e privadas, conseguirão atender às demandas de seus estudantes? Ou alguns alunos estarão fadados a "optar" por itinerários que não são de seu real interesse, em virtude do contexto em que estão inseridos? No Brasil, é notória a diferença de qualidade, de modo geral, entre o ensino privado e o ensino público, na educação básica. Assim, ao mesmo tempo em que as mudanças são promissoras para algumas escolas (como é o nosso caso), podem ampliar a distância existente entre a educação privada e a pública, caso não sejam a companha das de propostas de melhoria também na qualidade do ensino.

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