A preparação espiritual para o 29º Capítulo Geral foi concluída ontem com a peregrinação dos participantes ao Colle Don Bosco, lugar simbólico das origens salesianas.
Apesar da temperatura fria de -1°C, a recepção foi calorosa, graças à dedicação da comunidade salesiana residente, apoiada por uma dúzia de voluntários. O diretor da comunidade, P. Vijaya Thathireddy, deu as boas-vindas com estas palavras cheias de significado:
"Vocês voltaram para casa; todos nós nascemos aqui. Aqui há um pai, e todos somos irmão...".
Em 1942, o então Reitor-Mor P. Pietro Ricaldone escolheu este local para proteger as relíquias de Dom Bosco, de São José Cafasso, de São Domingos Sávio e de Santa Maria Domingas Mazzarello, preservando-as da Segunda Guerra Mundial. Este local, ele recordou, é "um espaço saturado de santidade", capaz de inspirar reflexões sobre os desafios e aspirações dos jovens, sobre as novas formas de pobreza e as suas maneiras de manifestar-se.
Os participantes do Capítulo, divididos em seis grupos linguísticos, visitaram os lugares da "berço salesiano," onde Dom Bosco nasceu, cresceu e amadureceu na sua vocação. Para muitos, o itinerário despertou recordações de visitas anteriores, mas para todos foi um convite a viver o presente com responsabilidade e a tomar decisões significativas para o futuro da Congregação.
O ponto alto do dia foi a celebração eucarística no Templo de Dom Bosco, descrito como uma "arca de salvação," com a grande estátua de Cristo Ressuscitado acolhendo os fiéis de braços abertos. Durante a homilia, o P. Pascual Chávez, Reitor-Mor Emérito, ofereceu uma reflexão para concluir os três intensos dias de retiro espiritual que ele mesmo conduzira em Valdocco.
"Duzentos e dez anos após o nascimento de Joãozinho, criado em uma família pobre e humilde, com uma mãe que fez dele uma obra-prima do Espírito Santo, estamos aqui para agradecer pelo grande dom do nosso fundador," disse o P. Chávez. Ele então exortou os Salesianos a renovarem o desejo e a promessa de "continuar a ser Dom Bosco para os jovens de hoje", relembrando o sonho dos nove anos e o serviço aos mais necessitados.
"Pensemos, nestes dias, no campo de refugiados de Goma, no Congo, onde 30.000 pessoas fugindo da guerra buscam refúgio, acompanhadas pelos nossos irmãos que os apoiam em sua luta pela vida. Vivemos uma época em que não são os lobos que se tornam cordeiros, mas os cordeiros correm o risco de se transformar em lobos", acrescentou.
O P. Chávez concluiu com um desejo: "Algo semelhante deve acontecer como ocorreu em 1954, quando o Papa Paulo VI nos pediu para sermos missionários entre as vítimas de experiências negativas. Foi assim que os Salesianos, na Itália, entraram em prisões para menores, na Tailândia cuidaram de crianças cegas, no Sri Lanka combateram o turismo sexual, em Serra Leoa reabilitaram crianças-soldado e, na Colômbia, libertaram menores do trabalho nas minas. Devemos criar gerações capazes de mudar a cultura, de modo que os lobos se transformem em cordeiros".
À tarde, os participantes do Capítulo Geral visitaram Chieri, uma cidade profundamente ligada aos anos formativos de Dom Bosco. Foram recebidos pelo P. Genesio Tarasco, Diretor da comunidade local, que apresentou a história e os lugares significativos de Chieri, um cenário-chave na juventude e na vocação do Santo dos Jovens.
Percorrendo as ruas históricas impregnadas de memórias salesianas, os participantes detiveram-se na Catedral de Chieri, onde foram calorosamente acolhidos pelo Prefeito, Alessandro Sicchiero, que expressou um gesto de amizade e hospitalidade. A visita foi concluída na Capela da Bem-Aventurada Virgem das Graças, lugar de silêncio e contemplação, onde os participantes se reuniram em oração, confiando à Virgem todo o caminho e os trabalhos do Capítulo Geral.
Esta peregrinação renovou nos participantes do Capítulo Geral o sentido de pertença à missão salesiana e à visão de Dom Bosco, fortalecendo o seu compromisso de servir aos jovens com uma perspectiva voltada para o futuro.
