Mensagem do Vigário do Reitor-Mor: P. Stefano Martoglio

Em nossa Liturgia, o início do novo ano, se ilumina pela antiquíssima bênção com que os sacerdotes israelitas abençoavam o povo: “O Senhor te abençoe e te proteja. O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e te seja propício. O Senhor volte para ti os seus olhos e te conceda a paz”

Caros amigos,

estamos a iniciar um novo ano. Apresentemos, portanto, uns aos outros os melhores votos para o tempo que virá, para o tempo que vem - dom que contém todos os demais dons em que a nossa vida se vai desenrolar.

Preenchamos, portanto, tais Votos de conteúdos que os iluminem. Dêmos a palavra a Dom Bosco que, quando chegou ao Seminário de Chieri, parou perante o relógio de sol - que ainda campeia na parede do edifício - , e narrava: «Levantando o olhar para um relógio de sol, li este verso em latim: ‘Afflictis lentae, celeres gaudentibus horae». Eis, disse ao amigo, eis o nosso programa: estejamos sempre alegres e o tempo passará velozmente (Memorie Biografiche I, 374).

O primeiro augúrio que partilhamos é o de Dom Bosco: Viva bem, viva sereno e transmita serenidade a quem lhe estiver perto: o tempo terá outro valor! Cada momento de tempo é um tesouro: mas um tesouro que está a passar velozmente. Dom Bosco sempre gostava de comentar: «Os três inimigos do homem são: a morte (que surpreende); o tempo (que lhe foge); o demônio» (que lhe arma ciladas) (MB V, 926).

«Lembre-se de que ser feliz não é ter um céu sem tempestades, uma estrada sem acidentes rodoviários, trabalho sem fadiga, relações sem desilusões» - recomenda um antigo augúrio. «Ser feliz não é só celebrar os sucessos: é também tirar lições dos insucessos. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver a vida, não obstante todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. É dar graças a Deus todas as manhãs pelo milagre da vida».

Um sábio tinha no seu gabinete um enorme relógio de pêndulo que todas as horas tocava com solene lentidão, mas também com grande ribombo.

«Mas não o incomoda?» - perguntou um estudante.

«Não! - respondeu o sábio - . Porque assim a todas as horas sou obrigado a perguntar-me: ‘Que fiz da hora que acaba de passar?’».

O tempo é o único recurso não renovável. Gasta-se a uma velocidade incrível. Sabemos que o não podemos repetir. Por isso, todo o bem que podemos fazer; o amor, a bondade e a delicadeza de que somos capazes, devemos dá-los ‘agora’. Porque não voltaremos à terra outra vez. Com um perene véu de remorso em nosso íntimo, sentimos que Alguém nos haverá de perguntar: «O que fez de todo o tempo que lhe ofereci? ».

A nossa esperança chama-se Jesus

No tempo novo que acabamos de iniciar, as datas e os números de um calendário são sinais convencionais: sinais e números inventados para medir o tempo. Na passagem do ano velho para o ano novo muito pouco há de mudar. Entretanto, a percepção de um ano que termina obriga-nos a sempre fazer um balanço: - Quanto ganhamos? Quanto perdemos? Quanto nos tornámos melhores ou quanto pioramos? O tempo que passa nunca nos deixa iguais.

A Liturgia, no início do novo ano, tem um modo muito próprio de nos levar a fazer um balanço. Fá-lo através das palavras iniciais do Evangelho de João: são palavras que podem parecer difíceis, mas que, na realidade, refletem a profundidade da vida:

“No princípio existia o Verbo; o Verbo estava em Deus; e o Verbo era Deus. No princípio Ele estava em Deus. Por Ele é que tudo começou a existir; e sem Ele nada veio a existir. Nele é que estava a Vida de tudo o que veio à existência. E a Vida era a Luz dos homens. A Luz brilhou nas trevas, mas as trevas não a receberam”. No fundo de toda a nossa vida ressoa uma Palavra muito maior do que nós. Ela é o motivo pelo qual existimos, pelo qual o mundo existe, pelo qual tudo existe. Esta Palavra, este Verbo, é o mesmo Deus, é o Filho: é Jesus. O nome do motivo pelo qual fomos criados é Jesus.

É Ele o verdadeiro motivo pelo qual tudo existe. E é n’Ele que podemos compreender aquilo que existe. A nossa vida não se julga confrontando-a com a história, com os seus acontecimentos, com a sua mentalidade. A nossa vida não  se pode julgar olhando a nós mesmos e só para a nossa experiência. A nossa vida só se compreende se a aproximarmos de Jesus. É nEle que tudo assume um sentido e um significado: também o que nos aconteceu de contraditório e injusto. É olhando para Jesus que compreendemos alguma coisa de nós mesmos. Di-lo muito bem um salmo quando afirma: “À tua luz vemos a luz”.

Este é o modo de ver o tempo segundo o Coração de Deus. E é assim que nos auguramos viver este novo tempo!

O novo ano trará a todos nós, à Família Salesiana, à Congregação, importantes acontecimentos e novidades. Todas dentro do dom do Jubileu que já na Igreja estamos a viver.

Dentro do espírito do Jubileu, deixemo-nos transportar pela Esperança que é a presença de Deus em nossa vida.

O primeiro mês deste novo ano – janeiro - é tricotado de festas salesianas que nos conduzem à Festa de Dom Bosco. Demos graças a Deus por esta delicadeza com que nos concede iniciar o novo ano.

Demos, pois, a última palavra a Dom Bosco e gravemos esta sua máxima, a fim de que molde o nosso 2025: “Meus filhos, usai bem do tempo que ele vos dará uma eternidade feliz” (MB XVIII 482 e 864).

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