Doze anos separam o primeiro dia de pontificado de Francisco desta quinta-feira, 13. O Cardeal Jorge Mario Bergoglio entrou para o conclave em 12 de março de 2013 “fora da lista da grande imprensa” dos grandes favoritos a ocupar a Cátedra de Pedro. Após a fumaça branca da chaminé colocada sobre a Capela Sistina, saiu no dia 13 como o primeiro Papa latino americano. Não foi o “primeiro” só nisso, mas também o primeiro jesuíta a ser escolhido para esta missão e o primeiro a usar o nome “Francisco”.
A partir da apresentação de Bergoglio como novo Papa, o mundo passou a conhecê-lo. Seus documentos, principalmente a Evangelii Gaudium – sua primeira Exortação Apostólica e “programa de pontificado”, deram o tom do papado do argentino e o que os católicos poderiam esperar dos próximos anos. Apesar dos textos, viagens, documentos e reflexões aproximarem os fiéis de Francisco, foi a partir de um encontro pessoal com ele que muitos puderam sentir e tocar a profundidade de suas ações e discursos.
Um dos fundadores da Fazenda da Esperança e membro da Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores, Nelson Giovanelli afirma que conhecer o Papa Francisco pessoalmente foi a confirmação daquilo que ele já vinha observado em relação à sua paternidade, simplicidade e sabedoria. Em 1º de abril de 2016, juntamente com Frei Hans (também fundador da Fazenda da Esperança) e o Cardeal Braz de Aviz, Nelson encontrou-se com o Pontífice por cerca de 40 minutos no escritório da biblioteca do Vaticano.
Giovanelli frisa que a espontaneidade, carinho e modo de ser do Santo Padre o deixaram à vontade para apresentar a experiência da Fazenda da Esperança. Naquele encontro, Francisco aceitou gravar uma mensagem de cinco minutos para todos os jovens das Fazendas da Esperança do mundo todo. “Foi uma mensagem que marcou a nossa história e a história principalmente de todos os acolhidos. (…) Então, eu não passei a vê-lo de forma diferente, apenas foi uma confirmação daquilo que eu já sentia, já experimentava, escutando ele falar da misericórdia”, disse.
Dois encontros que refletiram alegria
O padre da Arquidiocese de Aparecida (SP), Raphael Felipe Silva, relata que teve a oportunidade de se encontrar com o Santo Padre em duas ocasiões. Na primeira, enquanto seminarista, no ano de 2013, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude. Foi quando Francisco esteve em Aparecida, presidiu a missa no Santuário Nacional e depois almoçou no Seminário Bom Jesus da Arquidiocese de Aparecida.
“Naquele momento ele se encontrou com cada um de nós, seminaristas. Quando tive a oportunidade de me encontrar pessoalmente com ele, pedi a bênção e ele, num ‘portunhol’, disse: ‘Deus te abençoe, filho, seja um padre santo e feliz!’. Aquilo ficou muito marcado no meu coração, ser um padre santo e feliz”, reflete. Ao longo de todo o processo de formação enquanto seminarista, padre Raphael afirma nunca ter esquecido desse pedido do Santo Padre.
O segundo encontro com o Papa foi em janeiro passado, em uma Audiência Geral. Na ocasião, o sacerdote entregou ao Pontífice uma relíquia de São Frei Galvão, primeiro santo brasileiro, e um livro de sua autoria sobre comunicação no pontificado de Francisco. O presbítero afirma que o Santo Padre ficou muito feliz e concedeu sua benção com muita alegria.
Em Roma, perto de Francisco
Luciana e Roger Ferrari são casados e missionários da Comunidade Canção Nova em Roma. A vivência próxima ao Vaticano permite acompanhar de perto orações, missas e audiências do Santo Padre. Luciana relembra como foi ver o Papa Francisco pessoalmente: “A primeira vez que eu o vi, ele estava na janela do Palácio Apostólico rezando a oração do Angelus, em um dia de domingo”.
Ela ressalta que esse primeiro contato contribuiu para que ela visse de forma mais pontual a autoridade espiritual do Santo Padre. O carinho particular cresceu, assim como a consciência de que ele é o representante de Pedro e quem Deus pôs à frente do rebanho neste tempo, disse a missionária.
No final de 2024, Luciana comenta o encontro que teve com o Pontífice após uma Catequese na Praça São Pedro. Juntamente com seu esposo, eles receberam a benção dos recém-casados e a benção de seu filho Romeo, que estava em seu ventre. “Foi um momento muito único, não planejado, mas que a providência de Deus se encaminhou para que acontecesse. Acredito que ter a benção do Papa sobre o meu ventre, sobre o meu filho, foi um momento especial e marcante que eu jamais vou esquecer”.
A primeira vez que Roger esteve com Francisco foi no seu aniversário, em 2022. Ele participou de uma Audiência Geral e levou uma placa avisando que era o seu aniversário. “Ele veio até mim, perguntou de onde eu era e quantos anos eu estava fazendo. Foi uma emoção muito grande, eu tremi muito, foi, assim, marcante”, recorda.
Depois Roger e Luciana participaram de uma audiência privada com o Pontífice, juntamente com outros membros da Comunidade Canção Nova – entre eles os cofundadores, Luzia Santiago e Wellington Jardim (Eto), e o presidente, padre Wagner Ferreira. “Foi muito profundo, muito forte, porque ali o Papa nos acolheu e recebeu na sala dele. Eu não tenho palavras para descrever esse momento. Ele foi muito acolhedor, mais uma vez”, conta Roger.
Em outras duas ocasiões em que esteve com o Pontífice, o missionário afirma ter percebido a mesma postura de Francisco: sempre alegre e acolhedor. Roger ressalta sempre ter olhado o Santo Padre com admiração, lembra a JMJ 2013 que aconteceu no Rio de Janeiro e teve a oportunidade de participar e frisa que o Pontífice é o sucessor de Pedro com o qual ele teve uma maior experiência.
Ensinamentos e destaques do pontificado de Francisco
Ao refletir sobre estes 12 anos de pontificado de Francisco, Nelson frisa a coragem com que ele teve de enfrentar a crise dos abusos sexuais cometidos por membros da igreja. Destaque para a criação da Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores, da qual Nelson faz parte. A partir deste trabalho que gerou vários encontros de Giovanelli com Francisco, ele frisa ter palpado a humildade e a determinação com que o Papa trabalha para criar espaços seguros na Igreja, em que crianças e adolescentes possam se sentir seguros.
O fundador da Fazenda da Esperança destaca os muitos documentos sobre este tema, escritos por Francisco como forma de reparação. “Para as vítimas que sofreram essa tragédia tem sido um grande reforço, um grande sinal de paternidade”, reflete. Nelson cita também os muitos pedidos de perdão feitos por Francisco publicamente em nome da Igreja. “Isso revela uma virtude”, opina.
Para padre Raphael, o que mais o impacta nesses anos de papado é a insistência de Francisco por uma igreja em saída. “Ele vem desde o início do seu pontificado motivando a Igreja a viver esse êxodo pastoral, ou seja, essa constante saída em direção às pessoas”.
A emblemática oração do Pontífice pelo fim da pandemia, em 2020, na Praça São Pedro, foi o momento mais marcante segundo Roger. Na época, o missionário morava em Jerusalém, e acompanhou a oração pela internet. “Naquele momento parecia que o Papa carregava nas costas o peso do mundo, daquela situação que nós estávamos vivendo”, lembra.
Luciana aponta que o maior ensinamento do Santo Padre é a atenção que ele consegue dar para todos que passam pelo seu caminho. A missionária afirma que Francisco tem um olhar de amor e entrega por todos, mas principalmente pelos excluídos, pelas minorias. Ela destaca também a valorização da vida como uma marca de seu pontificado.
Saúde
Neste momento em que o Papa enfrenta um quadro de infecção polimicrobiana e uma pneumonia bilateral, com internação no Hospital Gemelli, em Roma, Roger tem participado da transmissão de notícias sobre o quadro de saúde do Santo Padre para o Jornalismo da Canção Nova.
“Toda a Igreja e toda a Canção Nova têm rezado por ele”. Rezamos “para que ele seja forte, para que ele também possa continuar sendo quem ele é, o Papa Francisco, até mesmo em uma enfermidade”, disse o missionário.
Padre Raphael acrescenta: “a Igreja toda nesse momento vive o calvário juntamente com ele”.
Nelson, que também está rezando pelo Pontífice, destaca sua gratidão ao Papa por tudo que ele representa para a Igreja e para o Brasil.
